Ex-coordenador do Procon de Passo Fundo confessa golpe contra idosos: 'Me arrependo amargamente'
Ex-coordenador do Procon confessa golpes contra idosos

Era uma tarde cinzenta de inverno quando o ex-coordenador do Procon de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, resolveu dar uma guinada na própria vida — para pior. O que começou como pequenos deslizes morais terminou numa confissão que chocou a cidade: ele admitiu ter aplicado golpes em sete idosos, gente que mal podia se defender.

"Fui um covarde", disse ele, com a voz embargada, durante o depoimento. Aos 54 anos, o ex-funcionário público — que pediu para não ter o nome divulgado — narrou como usou seu conhecimento das leis do consumidor justamente para burlá-las. "Me arrependo amargamente", completou, embora o estrago já estivesse feito.

Modus operandi cruel

Os idosos, entre 68 e 82 anos, foram abordados com promessas de "regularização de débitos" e "revisão de contratos". Alguns nem sequer tinham dívidas — mas o golpista inventava problemas onde não existiam. "Ele falava com tanta convicção que até eu acreditaria", comentou uma das vítimas, dona Marli, 75 anos.

O esquema funcionava assim:

  • Primeiro, identificava idosos com pouco conhecimento financeiro
  • Depois, marcava reuniões em locais públicos, vestindo crachá falso do Procon
  • Por fim, pedia "taxas administrativas" em dinheiro vivo — que variavam de R$ 500 a R$ 3.000

Não contente, ainda convencia as vítimas a assinarem documentos em branco. "Parecia um filme de terror", desabafou o filho de uma das vítimas.

Queda inevitável

Tudo começou a desmoronar quando duas irmãs — ambas aposentadas — compararam notas após "consultas" suspeitas. Desconfiadas, foram à delegacia. "A gente não é boba não", disse uma delas, com aquele jeito direto típico do gaúcho.

A polícia montou operação e flagrou o ex-coordenador recebendo dinheiro no estacionamento de um supermercado. Na bolsa, documentos falsos e anotações com dados pessoais de dezenas de idosos. "Era um verdadeiro banco de dados do crime", comentou o delegado responsável.

O caso agora segue para a Justiça. Enquanto isso, o ex-funcionário aguarda em liberdade — condicionada ao uso de tornozeleira eletrônica. "Vou carregar esse peso pelo resto da vida", lamentou, sem conseguir olhar nos olhos dos repórteres.