Desaparecimento de estudante trans em Ilha Solteira completa mais de 1 mês — família pede ajuda
Estudante trans desaparecida há mais de 1 mês em Ilha Solteira

Há mais de trinta dias, o sumiço de uma estudante transgênero em Ilha Solteira, no interior de São Paulo, vem tirando o sono de familiares e amigos. Ela trabalhava como garçonete — e, do nada, virou fumaça. Nada de mensagens, ligações, nem mesmo aquela despedida que todo mundo dá, mesmo que seja um "até logo".

O caso, que já deveria ter virado notícia nacional, ainda patina nas delegacias. A família — esses heróis sem capa — vive num misto de esperança e desespero. "É como se ela tivesse sido engolida pelo asfalto", desabafa uma prima, enquanto revira as mãos num gesto que já virou rotina.

Detalhes que arrepiam

A última vez que alguém a viu? Foi num bar da região, onde ela costumava bater ponto. O uniforme ainda está pendurado no cabide, intacto. A mochila da faculdade? Encostada num canto, com cadernos que nunca serão preenchidos. Até o celular — esse objeto que ninguém larga — ficou para trás.

E olha que não estamos falando de alguém que gostava de sumir. Pelo contrário: sempre avisava, sempre respondia. "Era a pessoa mais previsível do mundo", garante um colega de trabalho, enquanto acende o quinto cigarro da conversa.

Ação (ou falta dela)

Enquanto isso, as investigações — se é que podemos chamar assim — parecem andar em círculos. A delegacia local alega falta de recursos, a Polícia Civil joga a responsabilidade para um lado e outro, e a família? Bem, a família faz o que sempre fez: procura. Nas ruas, nas redes sociais, nos becos escuros da cidade.

"Já reviramos cada pedaço dessa cidade", conta o irmão mais novo, com olheiras que contam mais que qualquer discurso. "Até os lugares que ela nem frequentava. É como procurar uma agulha num palheiro — só que a agulha é nossa irmã."

E enquanto o relógio não para de correr, uma pergunta fica no ar: até quando um desaparecimento como esse vai ser tratado como "mais um caso"? Num país onde a expectativa de vida de pessoas trans não chega aos 35 anos, o silêncio é quase cúmplice.