Amazonas lidera mortes de crianças indígenas pelo segundo ano consecutivo, revela Cimi
Amazonas lidera mortes de crianças indígenas em 2025

O cenário é desolador. Pelo segundo ano seguido, o Amazonas aparece no topo do ranking nacional de mortes de crianças indígenas com menos de cinco anos. Os dados, divulgados pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), escancaram uma realidade que muitos preferem ignorar.

"É como se essas vidas não importassem", comenta uma liderança indígena que prefere não se identificar. Entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 47 óbitos - número que, infelizmente, segue a mesma tendência catastrófica de 2024.

O que está por trás desses números?

Especialistas apontam um coquetel explosivo de fatores:

  • Falta crônica de postos de saúde em territórios indígenas
  • Desnutrição infantil atingindo níveis absurdos
  • Doenças facilmente preveníveis voltando com força total
  • Descaso governamental que beira o criminoso

Não é exagero dizer que estamos diante de um genocídio silencioso. Enquanto isso, o governo federal promete - há anos - melhorias que nunca saem do papel.

Casos que chocam

Na terra indígena Vale do Javari, uma criança de três anos morreu após três dias de febre alta. O posto de saúde mais próximo? A 12 horas de barco. "Quando chegamos lá, já era tarde", conta o pai, com voz embargada.

Já no Médio Solimões, cinco bebês faleceram no mesmo mês por complicações de desidratação. Água limpa e sais de reidratação oral poderiam tê-los salvado. Mas faltou tudo.

"Essas mortes não são acidentes. São consequências diretas de políticas públicas inexistentes", denuncia a antropóloga Maria Fernandes.

O que dizem as autoridades?

Quando questionado, o secretário estadual de Saúde prometeu "reforçar as equipes médicas". Mas indígenas ouvidos pela reportagem afirmam que nunca viram essas equipes chegarem.

Enquanto isso, no Congresso, projetos de lei que poderiam melhorar a situação emperram há anos. Parece que, para alguns, vidas indígenas valem menos.

Uma vergonha nacional que precisa acabar. Já.