
O que se passa na cabeça de alguém que acaba de tirar uma vida? No caso do empresário mineiro, a primeira reação foi pegar o celular e escrever para a esposa delegada. Sim, você leu direito.
Numa madrugada dessas que prometia ser como qualquer outra em Minas Gerais, o impensável aconteceu. Um gari, trabalhando enquanto a cidade dormia, foi atingido brutalmente por um veículo de luxo. O motorista? Um empresário local de reputação aparentemente intacta — até então.
E aqui começa o que talvez seja a parte mais perturbadora dessa história toda. Em vez de prestar socorro imediato ou chamar ajuda, o condutor pegou seu telefone. E adivinhem para quem ele mandou mensagem? Para sua esposa, que não é qualquer pessoa: é delegada da Polícia Civil.
As mensagens que falam por si
Nas trocas de mensagens obtidas pela investigação — e que são de cair o queixo —, o empresário tenta justificar o injustificável. Frases como "ele estava no lugar errado" e "na hora errada" aparecem como se isso pudesse de alguma forma apagar a gravidade do que aconteceu.
Parece roteiro de filme, mas é a vida real mostrando sua face mais crua. A esposa delegada, segundo as investigações, teria orientado o marido sobre os procedimentos a seguir. Sim, você está entendendo perfeitamente.
O desenrolar de uma tragédia anunciada
O gari, identificado como José Pereira dos Santos, deixou esposa e três filhos. Trabalhava há mais de dez anos na limpeza urbana, madrugada após madrugada. Colegas descrevem-no como trabalhador dedicado e homem de família.
Do outro lado, o empresário de 42 anos, dono de uma rede de postos de gasolina na região. Agora responde por homicídio culposo no trânsito — mas a investigação não descarta a possibilidade de que as mensagens trocadas com a delegada possam levar a acusações mais graves.
O delegado responsável pelo caso foi direto: "Não existe hora ou lugar errado para uma vida humana. Existe, sim, o dever de cuidado ao dirigir um veículo que pesa mais de uma tonelada".
As contradições do caso
Testemunhas ouvidas pela polícia contam que o empresário parecia desorientado após o acidente, mas não ferido. O carro, um SUV importado, amassou o para-brisa do lado do motorista — indicando o impacto violento.
O que ninguém consegue entender é como alguém, após cometer uma tragédia dessas, pensa primeiro em se justificar rather than em prestar auxílio. A tal conversa com a esposa delegada durou vários minutos, enquanto o gari jazia no asfalto.
O caso levanta questões éticas sérias sobre o envolvimento de autoridade policial em situação familiar tão delicada. A corregedoria já foi acionada para avaliar a conduta da delegada — que, diga-se de passagem, não estava de plantão no momento dos fatos.
No fim das contas, resta uma família destruída pela perda, um trabalhador que não voltará para casa e um questionamento social profundo sobre valores, privilégio e justiça. Porque algumas vidas parecem valer mais que outras? Eis a pergunta que fica ecoando pelas ruas de Minas.