
Imagine ligar desesperado para o SAMU e ouvir que todas as ambulâncias estão ocupadas. Agora pense que algumas delas podem estar atendendo a chamadas falsas. É exatamente essa a realidade assustadora que Teresina enfrenta.
Dados recentes mostram números que beiram o inacreditável: mais de 80 deslocamentos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência foram realizados este ano para ocorrências que simplesmente não existiam. Brincadeira de mau gosto? Mais que isso – uma irresponsabilidade que coloca vidas em jogo.
O Preço dos Trotes: Muito Além do Dinheiro
Cada falso chamado custa caro. Muito caro. Temos aqui uma equação perversa onde se gastam recursos públicos preciosos, se desgastam profissionais de saúde e, o pior de tudo, se priva alguém de um atendimento que pode ser a diferença entre a vida e a morte.
Os números falam por si: de janeiro a setembro de 2025, o 192 recebeu nada menos que 86 trotes confirmados. Isso significa ambulâncias correndo contra o tempo para chegar a lugar nenhum, enquanto verdadeiras emergências aguardam na fila.
Quem Paga a Conta?
No final do dia, somos todos nós que pagamos essa conta absurda. Combustível, manutenção dos veículos, desgaste da equipe – tudo isso sai do bolso do contribuinte. Mas há um custo que não tem preço: o tempo perdido que poderia estar salvando vidas.
Profissionais do SAMU relatam casos absurdos: chamados para partos que não existiam, idosos caídos que estavam perfeitamente bem, acidentes inventados. É de deixar qualquer um com os cabelos em pé.
Além das Estatísticas: O Impacto Humano
Por trás desses números frios existem histórias reais. Tecnnicos de enfermagem, médicos e motoristas que se desgastam física e emocionalmente. Famílias que esperam por um socorro que pode demorar porque alguém decidiu brincar com um serviço essencial.
E o pior? Muitos desses trotes vêm de números cadastrados, o que torna toda a situação ainda mais revoltante. Não são anônimos – são pessoas que poderiam ser identificadas e responsabilizadas.
O Que Diz a Lei?
Pouca gente sabe, mas fazer trote para serviços de emergência é crime previsto no artigo 266 do Código Penal. A pena? Detenção de um a três anos, mais multa. A questão é: será que as pessoas estão cientes das consequências dessas "brincadeiras"?
Enquanto isso, o SAMU segue trabalhando contra o tempo e contra os trotes. Profissionais se desdobram para filtrar chamados suspeitos, mas a linha é tênue entre a cautela e a negligência. Como diferenciar uma criança brincando no telefone de um adulto com problemas reais de speech?
A verdade é que cada trote não é apenas um número – é uma vida potencialmente colocada em risco. E em Teresina, infelizmente, essa realidade parece estar longe de acabar.