
Quase três anos se passaram desde aquele dia que mudou tudo. E agora, finalmente, a máquina da justiça começa a se mover com uma lentidão que exaspera qualquer um que espere por respostas.
Nesta quarta-feira, o Tribunal de Justiça do Pará transformou-se no palco de um drama judicial que muitos temiam que nunca viria. Um policial militar – cujo nome a gente sabe, mas que a lei ainda protege – sentou-se no banco dos réus para responder por homicídio qualificado.
A vítima? Arnaldo Lopes, advogado de 43 anos que tinha toda a vida pela frente. O que deveria ser uma simples abordagem de rotina nas proximidades do Shopping Bosque Grão-Pará, em Belém, transformou-se numa tragédia irreversível.
Os detalhes que perturbam
Segundo testemunhas – e aí é que mora o drama –, o PM teria efetuado disparos contra o veículo onde Arnaldo estava. Os tiros não foram de advertência. Atingiram o advogado no tórax, uma violência gratuita que ceifou uma vida em plena luz do dia.
O que se seguiu foi aquela sequência conhecida de qualquer um que acompanhe esses casos: a versão da PM de que houve confronto, a família desmentindo, as testemunhas contradizendo o oficial. Um script tristemente previsível que se repete Brasil afora.
O longo caminho até o tribunal
Três anos! Esse foi o tempo necessário para que o processo finalmente chegasse ao júri. Três anos de adiamentos, recursos, manobras processuais – tempo suficiente para uma família inteira viver no limbo da justiça.
O Ministério Público, é claro, pede condenação. Homicídio qualificado, dizem os promotores, porque o crime teria sido cometido por motivo fútil – sim, fútil! – e com uso de violência que choca a consciência.
E agora, o que esperar?
O julgamento está apenas começando, e já promete ser daqueles que divide opiniões. De um lado, os que defendem a corporação e acreditam na versão do policial. Do outro, os que exigem justiça por Arnaldo e por todas as vítimas de violência policial.
Uma coisa é certa: os olhos do Pará estão voltados para esse tribunal. Não é todo dia que um PM enfrenta o júri por homicídio – ainda mais em um caso que envolve um profissional do direito.
O desfecho? Só o tempo – e os sete jurados – dirão. Mas uma pergunta fica no ar: três anos depois, a justiça será capaz de dar à família de Arnaldo Lopes aquilo que eles mais precisam? Paz? Verdade? Ou apenas mais uma página na interminável saga da impunidade?