
Era ainda de madrugada quando as ruas de Macapá testemunharam um movimento incomum. Não se tratava dos habituais transeuntes noturnos – era a justiça, finalmente, acordando para cobrar sua dívida. A Operação Harpia, nome que evoca a ave de rapina conhecida por sua precisão implacável, decolou com um objetivo claro: caçar.
E caçou. Entre quarta e quinta-feira, as garras da lei se fecharam sobre indivíduos que já haviam sido julgados e condenados pela Justiça amapaense. Estamos falando de crimes pesados, daqueles que deixam marcas profundas na sociedade. Homicídios dolosos – aquele com intenção de matar –, roubos majorados pela crueldade ou pelo uso de armas, e um tráfico de drogas que alimenta um ciclo interminável de violência.
A força-tarefa foi nada modesta. A Polícia Civil, obviamente, na linha de frente. Mas quem também vestiu o colete? A gloriosa Polícia Militar, o Departamento de Operações Especiais (DOE), sempre temido pela sua eficiência, e até a Polícia Rodoviária Federal deu seu suporte. Um verdadeiro mutirão da ordem contra o caos.
O Longo Braço da Lei
Sabe aquele ditado de que ninguém foge para sempre? Pois é. A 2ª Vara do Tribunal do Júri de Macapá, cansada de esperar, expediu os mandados. A partir daí, era só questão de tempo. A operação foi minuciosamente planejada, afinal, não se caça javali com estilingue.
Os alvos não eram qualquer um. Eram réus condenados que, de uma forma ou de outra, escaparam do sistema – alguns talvez achando que tinham dado a volta por cima, que estavam livres. A Harpia veio justamente para lembrar que a conta sempre chega, mesmo que a mais longo prazo.
E olha, a operação não foi só sobre prender. Foi um recado. Um sinal alto e bom som para quem acha que a impunidade é um território livre no Amapá. A mensagem é clara: o estado pode até ser distante geograficamente do centro do país, mas a justiça? Essa não conhece fronteiras.
O Que Esperar Agora?
Com os detidos atrás das grades, começa uma nova fase. Eles já tinham sido julgados, então o caminho agora é outro: cumprir a pena. A Defensoria Pública do Estado do Amapá, como manda o figurino, já foi acionada para acompanhar o caso – afinal, todo mundo tem direito a uma defesa, mesmo depois de condenado.
Operações como a Harpia são mais do que uma notícia policial. Elas são um termômetro. Mostram que o sistema, por vezes lento e emperrado, ainda funciona. Que existe um esforço – conjunto, diga-se de passagem – para tentar frear a escalada da criminalidade violenta.
É uma vitória? Sem dúvida. Mas é daquelas vitórias que sabem que a guerra está longe de acabar. Cada prisão é um alívio, mas também um lembrete de que o trabalho de inteligência e repressão não pode parar. Nem por um segundo.