
Uma operação que chocou Roraima nesta quarta-feira (25) colocou na mira da justiça um oficial de alta patente da Polícia Militar. O major M.S.F., de 51 anos, foi um dos cinco detidos durante a "Operação Salva-Vidas", desencadeada pela Polícia Civil com o objetivo de desarticular uma rede suspeita de favorecimento à prostituição de adolescentes.
E olha que o esquema — segundo as investigações que se arrastavam há mais de um ano — teria como palco uma boate na região do Distrito Industrial de Boa Vista. O local, que deveria ser de entretenimento adulto, transformou-se num cenário de exploração de vulneráveis.
O papel do militar no suposto esquema
O que mais causa repulsa é a posição ocupada pelo major. Imagina só: um homem fardado, que deveria proteger a população, sendo acusado justamente do oposto. As investigações apontam que ele atuaria como uma espécie de "anjo da guarda" do estabelecimento, garantindo que a atividade ilegal transcorresse sem interferências. Isso mesmo — ele supostamente assegurava a segurança do local em troca de vantagens financeiras.
Parece roteiro de filme, mas é a pura realidade. E não era pouco dinheiro, não: cerca de R$ 5 mil mensais, segundo os investigadores. Um valor que, aparentemente, falou mais alto que o juramento de proteger e servir.
As vítimas e a investigação
As adolescentes envolvidas tinham entre 15 e 17 anos — uma fase da vida que deveria ser dedicada aos estudos e às descobertas juvenis, não à exploração sexual. A Polícia Civil identificou pelo menos três jovens nessa situação alarmante.
E como será que esse esqueme todo veio à tona? Tudo começou com denúncias anônimas. A partir daí, os policiais civis mergulharam num trabalho discreto mas persistente, coletando provas e construindo o caso peça por peça. A delegada Núbia Cristina, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), coordenou as investigações com mão de ferro.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em quatro endereços diferentes. Além do major, outros quatro indivíduos foram presos preventivamente. A justiça determinou sigilo sobre a identidade deles por 30 dias — medida que mostra a sensibilidade do caso.
As acusações formais
O major agora enfrenta acusações graves: favorecimento à prostituição ou exploração sexual de vulnerável e corrupção passiva. Crimes que, se comprovados, podem levar a longos anos de prisão.
E tem mais: os investigadores acreditam que o esquema não se limitava à exploração. Havia também suspeitas de venda ilegal de bebidas alcoólicas no local — mais uma violação à lei que teria contado com a conivência do militar.
A Polícia Militar, por sua vez, já se manifestou. Em nota, informou que o major foi afastado de suas funções e que vai responder a Processo Administrativo Disciplinar (PAD). A instituição prometeu colaborar com a investigação e afirmou que não compactua com ilegalidades.
O caso escancara uma ferida que muitos preferem ignorar: a exploração sexual de menores não é um problema distante. Acontece aqui, no nosso quintal, às vezes com a conivência de quem deveria nos proteger. E isso — convenhamos — é de cortar o coração.