
Eis que o caso do delegado Ruy Francisco Salvaro ganha contornos ainda mais sombrios. João Doria, ex-governador de São Paulo — aquele mesmo que nomeou Ruy para o comando geral da Polícia Civil em 2021 — veio a público com revelações que deixam qualquer um de cabelo em pé.
Num depoimento dado à Polícia Legislativa da Assembleia, Doria foi categórico: Ruy nunca alardeou as ameaças que recebeu. Manteve tudo em sigilo, como quem guarda um segredo perigoso demais para dividir.
Um homem sob pressão silenciosa
Imaginem só a cena: um delegado-geral, no topo da hierarquia policial, recebendo intimidações e optando por não torná-las públicas. Que tipo de pressão faria um homem experiente como ele agir assim? Doria, durante o relato, não escondeu a surpresa — e uma ponta de admiração pela discrição do ex-subordinado.
“Ele era discreto por natureza, um profissional que evitava holofotes”, comentou o ex-governador, quase como quem fala de um herói trágico que preferiu carregar o fardo sozinho.
O atentado que mudou tudo
E então veio o dia 10 de setembro. Um ataque a tiros, na frente da casa de Ruy, em São Bernardo do Campo. Duas pessoas presas, um clima de tensão instalado — e uma pergunta ecoando: as ameaças silenciosas haviam se materializado?
Doria, claro, não soube precisar se as intimidações tinham relação direta com o atentado. Mas a timing é, no mínimo, suspeita. Muito suspeita.
Um quebra-cabeça com peças missing
O ex-governador — hoje um personagem mais observador que atuante — deixou claro que Ruy manteve até mesmo seus superiores hierárquicos na dark. Nada de relatórios formais, nada de alertas escritos. Apenas a tensão não dita de quem sabe que está na mira.
E isso, convenhamos, é raríssimo num ambiente corporativo como o da segurança pública, onde protocolos usually falam mais alto que discrição.
O legado de um homem reservado
Ruy não é qualquer um. Comandou a PCSP entre março de 2021 e abril de 2022, saindo antes do fim do governo Doria — algo que, hoje, parece carregar um significado mais profundo.
Sua saída, na época atribuída a reasons pessoais, agora ganha um sabor amargo. Será que as ameaças já corroíam sua tranquilidade? Doria não soube — ou não quis — especular.
Uma coisa é certa: o caso segue em investigation, e cada nova fala joga luz sobre um drama que é, acima de tudo, profundamente humano.