
Imagine a cena: um homem preso, condenado por tirar uma vida, mas ainda assim recebendo religiosamente seu salário no fim do mês. Pois é, parece roteiro de filme, mas é a pura realidade em Belo Horizonte.
O caso é antigo, mas a ferida ainda dói. Em 2021, um delegado da Polícia Civil — aquele que deveria proteger — disparou contra um motorista de reboque durante uma discussão de trânsito. O nome da vítima? Weuller Carvalho, 32 anos. Uma vida interrompida por nada.
O delegado, Wagner Pinto, foi condenado a 12 anos de prisão. Justo, né? Só que aí vem a parte que deixa qualquer um com os cabelos em pé: mesmo trancafiado, o homem continua recebendo seu salário de policial. Sim, você leu direito.
Como Isso é Possível?
A lei permite. Incrível, mas é verdade. Enquanto o processo corre na justiça — e olha, esses trâmites podem levar anos —, o servidor público afastado continua recebendo seus vencimentos. Só é cortado quando não há mais recurso possível, ou seja, quando a condenação vira coisa julgada.
E adivinha? O defensor do delegado já entrou com recurso. Claro. Então, enquanto a papelada anda, o caixa do senhor Wagner segue intacto.
O Outro Lado da Moeda
Do outro lado, a família de Weuller. Eles veem o autor do crime vivendo às custas do Estado, mesmo na prisão, e se perguntam onde está a justiça. "É um deboche", disse um parente, que preferiu não se identificar. E não é mesmo?
A indignação é geral. Nas redes sociais, o caso voltou a circular e a pergunta que não quer calar é: até quando? Até quando o dinheiro público vai bancar quem viola a lei que deveria defender?
O caso escancara uma falha enorme no sistema. Enquanto uns lutam para sobreviver, outros, mesmo nas piores circunstâncias, seguem com seus privilégios intactos. Algo está muito errado nessa equação.