
A tensão que pairou sobre a comunidade quilombola de Itapetinga, no interior baiano, parece começar a se dissipar — ainda que lentamente. A Polícia Civil da Bahia acaba de prender mais um homem suspeito de participar do assassinato brutal de Bernadete Pacifico, a querida Mãe Bernadete, líder espiritual e comunitária que era um verdadeiro pilar de resistência na região.
Dessa vez, quem foi detido foi um homem de 37 anos. Ele é apontado pelas investigações como o quarto integrante do grupo que executou a líder a tiros, no último dia 28 de agosto, num crime que chocou o país e expôs a violência contra defensores de territórios tradicionais.
Pois é. A coisa vem se desenrolando desde setembro, quando outros três suspeitos — entre eles o mandante do crime, um fazendeiro da região — já haviam sido capturados. A polícia não divulgou o nome do novo detido, mas adiantou: ele vai responder por homicídio qualificado. E olha, as qualificadoras são pesadas: motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima.
Um crime que não ficará impune
Os investigadores trabalham com a hipótese de que o assassinato tenha sido encomendado justamente por conta da atuação firme de Mãe Bernadete na defesa do território quilombola. Conflitos por terra, sabe como é? No Brasil, isso quase sempre termina em sangue e luto.
— A gente não vai sossegar enquanto não prender todos os envolvidos — disse um delegado que preferiu não se identificar. — Era uma pessoa querida, uma liderança. Mataram-na com violência, na frente da família. Isso não pode ficar assim.
O que mais revolta, além de tudo, é a forma como tudo aconteceu. Mãe Bernadete foi surpreendida dentro de casa, alvejada com vários tiros. Na hora, a comoção foi instantânea. Não só na comunidade, mas país afora.
Justiça a caminho?
Com essa nova prisão, as esperanças de que a justiça seja feita — ou, ao menos, comece a ser trilhada — se renovam. A polícia segue com as investigações e não descarta que mais pessoas estejam envolvidas. O que parece é que a teia foi maior do que se imaginava.
Enquanto isso, a comunidade de Itapetinga tenta seguir em frente, mas a dor da perda ainda é nítida. Mãe Bernadete era mais que uma líder; era história viva, memória andante. Sua luta ecoa, mesmo após sua partida.
E agora, o que resta é aguardar. Aguardar e acreditar que, num país onde crimes assim tantas vezes caem no esquecimento, desta vez a justiça chegará — inteira, firme, implacável.