
Numa cena que chocou até os mais endurecidos defensores da pena capital, a execução de Kenneth Smith no Alabama transformou-se num pesadelo digno de filme de terror. O que deveria ser um procedimento rápido e 'humano' — nas palavras dos defensores da injeção letal — virou um espetáculo de agonia que durou nada menos que 22 minutos.
"Parecia que estavam queimando meu corpo por dentro", descreveu Smith através de gestos, já que a droga paralítica usada no coquetel mortal lhe roubara a voz. Testemunhas relataram que o condenado se contorcia na maca, ofegante, com expressão facial de pânico — detalhes que deveriam ser impossíveis num processo supostamente indolor.
O protocolo que falhou (feio)
Eis o que deveria acontecer:
- Primeira injeção: anestésico para evitar dor
- Segunda dose: paralisante muscular
- Terceiro composto: parada cardíaca
Na prática? Um fiasco médico. Especialistas ouvidos pelo G1 sugerem que a sedação inicial falhou — o que significa que Smith pode ter sentido cada segundo da paralisia progressiva e da ardência do veneno final. Pior que pesadelo, como definiu um médico forense.
Repercussão que não acaba
Nas redes sociais, o caso virou combustível para debates inflamados. De um lado, familiares de vítimas argumentam que criminosos violentos 'merecem sofrer'. Do outro, ativistas lembram que a Constituição americana proíbe punições "cruéis e incomuns" — categoria onde, claramente, esta execução se encaixaria.
O Departamento de Justiça do Alabama, pressionado, emitiu nota dizendo que "todos os protocolos foram seguidos". Mas até mesmo alguns políticos pró-pena capital começam a questionar se vale a pena manter um método com tantas falhas registradas nas últimas décadas.
Enquanto isso, a Suprema Corte americana — que autorizou esta execução por 6 votos a 3 — agora enfrenta novas petições urgentes para revisar casos semelhantes. A pergunta que fica: quantos 'erros' técnicos são necessários para que um método seja considerado tortura?