O coração de Sobral parece ter parado nesta sexta-feira. Um silêncio pesado, daqueles que dói no peito, pairava sobre o velório coletivo das vítimas do que já se tornou uma das páginas mais tristes da história da cidade. Três vidas levadas de forma abrupta, violenta – duas adolescentes e um jovem – dentro de um espaço que deveria ser de proteção: uma escola estadual.
O Ginásio Poliesportivo, lugar normalmente cheio de alegria e gritos de torcida, hoje abrigava uma dor sem medida. Às 9h da manhã, o sol já castigava do lado de fora, mas dentro o que reinava era um frio na alma. Os caixões, alinhados lado a lado, contavam uma história que ninguém quer acreditar que seja real.
Famílias destroçadas, amigos abraçados, professores com o olhar perdido – uma cena de filme de terror, só que verdadeira. A cada abraço, a cada lágrima que rolava sem cerimônia, ficava claro que essa ferida vai demorar muito, muito tempo para cicatrizar. Talvez nunca feche completamente.
Os Nomes por Trás dos Números
Era impossível não pensar: o que se passa na cabeça de alguém para cometer algo assim? A pergunta ecoava nos sussurros entre as pessoas. Enquanto isso, a vida real, cruel e concreta, seguia seu curso com a chegagem dos corpos no IML de Sobral ainda pela manhã, liberados para a despedida final.
Os funcionários do local, visivelmente abalados, cumpriam seu ofício com uma solenidade que transcendia o protocolo. Parecia que toda a cidade respirava junto, num só suspiro de tristeza. Carros passavam mais devagar nas redondezas, comerciantes olhavam para a movimentação com expressões sérias – uma comunidade inteira atingida em cheio.
O Que Fica Para Além da Dor?
Especialistas em segurança já apontam – e não é de hoje – a necessidade urgente de políticas mais efetivas para prevenir esse tipo de tragédia. Mas hoje, em Sobral, o que importa é o luto. O velório seguiu até as 16h, um longo e doloroso processo de despedida.
Agora, com o pôr do sol, a cidade tenta encontrar algum conforto. Restam as lembranças, a solidariedade que emerge nas horas mais difíceis e a pergunta que não cala: como seguir em frente depois de uma perda tão absurda? O céu do Ceará ganhou mais três estrelas hoje, mas a terra ficou definitivamente mais vazia.
