
Imagine receber uma mensagem de um político cassado oferecendo—literalmente—'serviços' que beiram o absurdo. Pois é, em Itu, a coisa ficou feia. Muito feia.
Um conjunto de áudios que circula nas redes sociais—e que caiu como uma bomba—mostra o ex-vereador William Viáfora, afastado do cargo pela Justiça, fazendo promessas que, convenhamos, não soam nada legais. Ele simplesmente oferece ajudar a cancelar multas de trânsito. Sim, você leu certo.
Mas não para por aí. Nos mesmos áudios, ele ainda alerta conhecidos sobre onde e quando a fiscalização de trânsito estaria agindo. "Melhor evitar passar por aqui", chega a dizer, como se fosse um amigo avisando sobre um buraco na rua, e não um ex-representante público burlando a lei.
Troca de favores? Isso mesmo.
Pior: a proposta parece clara. Em um dos trechos, ele deixa subtendido que, em troca do 'favor' de livrar das multas, espera algo em retorno. Algo como... apoio? Influência? A palavra 'chantagem' não foi dita, mas ué, tá nas entrelinhas.
E olha que ele nem esconde. Fala abertamente, como se fosse algo normal—corriqueiro até. "Se tiver alguma multa, me manda aí que eu dou um jeito", solta em um dos áudios. Meu Deus, o cara age como se estivesse oferecendo um desconto na feira.
A reação não poderia ser diferente
Óbvio que a repercussão foi imediata. A prefeitura de Itu já se manifestou—e não gastou meias-palavras. Disse que repudia totalmente esse tipo de conduta e que vai apurar até o fim. A Secretaria de Mobilidade Urbana também soltou nota: afirmou que os agentes de trânsito são orientados a agir com rigor e isonomia. Nada de favorecimento.
William Viáfora, por sua vez, já tinha histórico. Ele foi cassado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em abril—isso mesmo, já estava fora do jogo—por quebra de decoro parlamentar. Agora, esses áudios só escancaram um modus operandi que muitos desconfiavam, mas não tinham prova.
E a pergunta que fica: quantos mais fazem isso? Quantos acham que o público é balcão de negócios?
O caso agora está nas mãos do Ministério Público—e também deveria estar na boca do povo. Porque política não é—e nunca foi—mercadoria de troca. É função. É serviço. É respeito.