
A situação na Venezuela parece saída de um roteiro distópico — mas, infelizmente, é a realidade crua que seus cidadãos enfrentam. Nas últimas 72 horas, mais de 20 pessoas simplesmente evaporaram do mapa. Não por acaso, mas por ação de um governo que parece ter esquecido o significado da palavra democracia.
"É como se estivéssemos voltando aos anos mais sombrios da América Latina", comenta um ativista local, preferindo manter o anonimato — afinal, na Venezuela de Maduro, falar pode custar caro. Muito caro.
O silêncio que grita
Enquanto o mundo discute ChatGPT e inteligência artificial, na Venezuela a inteligência humana está sendo sistematicamente silenciada. Jornalistas, líderes comunitários, até mesmo estudantes universitários estão na mira. A tática? Prisões sem mandato, interrogatórios que duram dias e — o mais assustador — desaparecimentos que deixam famílias inteiras em desespero.
Alguns números que falam por si:
- 22 desaparecimentos confirmados em 3 dias
- Pelo menos 15 prisões "preventivas" (leia-se: arbitrárias)
- 4 sedes de organizações da sociedade civil invadidas
O jogo político que ninguém quer jogar
O timing não poderia ser mais suspeito. Com as eleições se aproximando, o governo parece decidido a limpar o campo — não de lixo político, mas de qualquer voz dissonante. "É uma estratégia clássica de regimes autoritários", analisa um professor de ciência política que preferiu não ter seu nome vinculado à reportagem. "Primeiro criam o clima de medo, depois consolidam o poder."
E enquanto isso, a comunidade internacional... Bem, a comunidade internacional continua assistindo. Algumas condenações por aqui, um comunicado forte por ali — mas nada que realmente mude a situação no terreno.
O que dizem as vítimas (as que ainda podem falar)
Conversamos com familiares de desaparecidos. Histórias que cortam a alma:
"Meu irmão saiu para comprar pão e nunca mais voltou", conta María (nome alterado), com os olhos vermelhos de tanto chorar. "A polícia diz que não sabe de nada, mas eu vi quando o levaram."
Outro relato vem de um bairro operário de Caracas: "Eles chegaram de madrugada, arrombaram a porta e levaram meu pai. Não deram explicação, não mostraram mandado. Simplesmente sumiram com ele."
Parece ficção? Infelizmente, é a realidade venezuelana em 2023 — um país que já foi rico e democrático, hoje reduzido a esse estado lastimável.
E agora?
Enquanto as luzes da atenção global se voltam para a Ucrânia e outros conflitos, a Venezuela continua sua lenta agonia. A pergunta que fica: quantos mais precisam desaparecer antes que o mundo acorde para essa tragédia?
Uma coisa é certa: quando a história julgar esse período, poucos poderão dizer "eu não sabia". A informação está aí — resta saber se alguém fará algo além de tomar notas.