
Era uma situação que parecia saída de um roteiro de filme sobre corrupção, mas infelizmente era pura realidade. Um padre — sim, você leu certo — acabou de ser condenado a devolver nada menos que R$ 1,4 milhão aos cofres públicos. O motivo? Ter recebido por anos a fio por um cargo que existia apenas no papel.
Segundo a decisão judicial, o religioso foi "contratado" como assessor parlamentar na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) entre 2015 e 2022. Só que tem um detalhe: ele nunca colocou os pés no local para trabalhar. Nem sequer sabia direito o que supostamente deveria fazer ali — confissão que deixou os juízes de cabelo em pé.
Dinheiro que virou pó
Os números são de deixar qualquer um com a pulga atrás da orelha:
- R$ 1.428.736,81 recebidos em salários e benefícios
- 7 anos de "trabalho" fantasioso
- 1 cargo que nunca existiu de fato
"Isso não é apenas irregular, é um escárnio com o dinheiro público", disparou um dos desembargadores responsáveis pelo caso, visivelmente irritado durante o julgamento. E não é pra menos — enquanto o padre enchia os bolsos, serviços essenciais no estado ficavam à míngua por falta de verba.
Igreja em silêncio
Até agora, a diocese à qual o padre está vinculado não se manifestou sobre o caso. Um silêncio que fala volumes, segundo observadores. "Quando um representante religioso se envolve em casos assim, a decepção é ainda maior", comentou uma fonte próxima ao processo, pedindo anonimato.
O esquema — porque é difícil chamar de outra coisa — só veio à tona após denúncias de servidores públicos que estranharam o nome do religioso na folha de pagamento. "Nunca vi esse homem aqui", teria dito um deles durante as investigações.
Justiça fecha o cerco
A decisão judicial foi taxativa: além de devolver cada centavo, o padre terá que arcar com:
- Multa de 10% sobre o valor total
- Correção monetária desde o primeiro pagamento irregular
- Juros que não param de acumular
Para piorar, o Ministério Público já avisou que pode entrar com ação por improbidade administrativa. Se isso acontecer, o religioso pode perder até mesmo o direito de exercer cargos públicos no futuro.
Enquanto isso, na Assembleia Legislativa, aquele silêncio constrangedor de quem foi pego com a boca na botija. Ninguém quer falar sobre como um cargo fantasma conseguiu passar despercebido por tanto tempo. Conveniente, não?