
O placar está aberto. Nesta segunda-feira, o Supremo Tribunal Federal transformou-se no epicentro de um terremoto político, e o ministro Alexandre de Moraes — ora, não poderia ser outro — foi quem detonou a primeira carga de profundidade. A abertura do aguardadíssimo julgamento da trama golpista foi, para usar um termo bem brasileiro, um verdadeiro espetáculo de retórica firme e significados ocultos.
E que começo! Moraes, com aquela serenidade que mais assusta do que acalma, não economizou na tinta. Ele pintou um quadro sombrio dos eventos que tentaram rasgar a Constituição, mas seu pincel foi mais além. Três palavras ecoaram na sala como um trio de tambores funestos: coação, impunidade e pacificação. Não eram apenas conceitos; eram acusações vestidas de jurisprudência.
O Fantasma da Coação e o Fim da Impunidade
O ministro foi direto ao ponto, quase como um estilete. Ele falou de "condutas ilícitas" que não foram meros deslizes, mas sim uma orquestração para sufocar o Estado Democrático. A coação, para ele, foi o instrumento escolhido para tentar dobrar as instituições. Mas aqui vai a facada poética: Moraes deixou claro que o tempo da impunidade acabou. "Não se pode compactuar com a ilegalidade", disse, numa frase que soou menos como uma advertência e mais como uma sentença prévia.
E isso me faz pensar: será que alguém na plateia sentiu um calafrio? Pois é. A mensagem era óbvia para quem quisesse ouvir. O Supremo não vai passar a mão na cabeça de ninguém. O barato saiu caro, e a conta chegou.
Pacificação: Um Recado para o Futuro
Mas não foi só sobre punir. No meio do turbilhão, Moraes soltou uma palavra que soou quase como um paradoxo: pacificação. Como assim pacificar depois de uma tentativa de golpe? Ele explicou. A tal pacificação só virá com o respeito irrestrito às decisões judiciais. Em outras palavras, é preciso engolir o veredito — amargo ou não — para o país poder seguir em frente.
Não se iludam, porém. Isso não é um convite para a concórdia fácil. É um ultimato. Uma condição. "Não há paz sem Justiça", parece ser o lema não dito. E que fique claro: a Justiça dele não negocia.
O que Esperar dos Próximos Capítulos?
O julgamento mal começou e já promete ser um daqueles eventos que marcam época. Com um relator como Moraes no comando, é certo que cada sessão trará sua dose de dramaticidade e tensão. Os envolvidos na trama — desde os mandantes até os executores — devem estar se revirando nas cadeiras.
O recado inicial foi dado, e não poderia ser mais claro: o STF está fechado para balanço e aberto para responsabilizações. O Brasil inteiro está de olho. E agora, o que vem por aí? Só o tempo — e os votos dos ministros — dirão.