Escândalo no Tocantins: Instituto forjou cestas básicas e lista de entregas para desviar recursos, aponta decisão judicial
Instituto forjou cestas básicas no Tocantins, diz decisão

Eis que o Judiciário tocantinense escancara uma trama digna de roteiro de cinema — mas, infelizmente, era a pura realidade. Num daqueles golpes que misturam cinismo com oportunismo, um instituto investigado no estado simplesmente inventou que distribuiu cestas básicas durante a pandemia. Sim, você leu certo: montou uma farsa completa, com direito a lista de entrega falsa e assinaturas forjadas.

A coisa foi tão grave que a decisão judicial que determinou o afastamento do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) — por 90 dias, diga-se — citou a suposta fraude como um dos motivos. A medida cautelar, assinada pelo desembargador do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ-TO), João Paulo dos Santos, não deu moleza: apontou indícios de que o Instituto Masan não entregou as cestas como prometeu.

E como é que a fraude veio à tona? A Polícia Civil descobriu, durante as investigações, que várias assinaturas nas listas de entrega eram falsas. Várias mesmo. Tinha até gente que nem sabia que estava recebendo cesta — ou que sequer existia como beneficiário. Uma vergonha.

Valores suspeitos e notas fiscais questionadas

Pior ainda: os valores pagos pelas cestas básicas estavam simplesmente surrealistas. Em vez de seguir preços de mercado, o instituto embutiu um superfaturamento descarado. A nota fiscal de uma entrega, por exemplo, indicava que cada cesta custou R$ 213. Alguém aí acredita?

Mas calma — tem mais. A própria validade das notas fiscais foi posta em dúvida. De acordo com a decisão judicial, algumas delas sequer estavam no nome do Instituto Masan quando a compra foi feita. Ou seja: não batia a conta. E quando a coisa não fecha, é porque alguém está tentando esconder a rachadura.

O papel do governador

E onde entra o governador nessa história toda? Pois é. A suspeita é que Wanderlei Barbosa — que na época era secretário da Cidadania e Justiça — tenha sido o articulador político por trás do repasse de R$ 1,7 milhão para o Instituto Masan. Dinheiro público, é claro.

Não à toa, a Justiça entendeu que sua permanência no cargo poderia atrapalhar as investigações. Daí o afastamento. A defesa do governador, como era de se esperar, já soltou nota dizendo que vai recorrer. Alegam que não há provas — só indícios.

Mas a opinião pública, essa, parece não estar muito convencida. Afinal, não é todo dia que uma operação da Polícia Civil chama de "fachada" as ações de uma organização que deveria ajudar quem precisa.

E no meio disso tudo, quem perde mesmo é a população. Mais uma vez.