
O que parecia roteiro de filme distópico virou realidade nos corredores do Supremo Tribunal Federal. Numa sala com ar condicionado no talo e paredes que já ouviram de tudo, o tenente-coronel Hélio Ferreira soltou a bomba: sim, a inteligência do Exército chegou a rascunhar um plano mirabolante para prender ministros da corte. Preventivamente. Tipo assim, sem mandado, sem delito flagrante, só na base do "e se...".
O militar — com aquela cara de quem não dorme faz três dias — detalhou o esquema enquanto os presentes trocavam olhares de "será que eu ouvi direito?". Segundo ele, o plano foi elaborado em 2022, no auge da tensão entre os Poderes, quando o clima em Brasília tava mais carregado que arraiá de político faminto.
Os meandros do plano
Eis que a coisa pega: o documento previa até critérios para escolher quais ministros seriam "convidados" a passar um tempo em salas menos confortáveis que seus gabinetes climatizados. Tinha análise de perfil, cronograma de ações e — pasmem — justificativas que beiram o surreal. Quase um checklist de supermercado, só que ao invés de comprar pão e leite, era "prender fulano", "isolar beltrano".
Não é de hoje que os quartéis vivem um romance complicado com a democracia. Mas dessa vez, parece que a imaginação ultrapassou os muros dos quartéis e invadiu territórios perigosos. O que me faz pensar: será que alguém aí confundiu manual de procedimentos com roteiro de House of Cards tropical?
As reações
Do lado do STF, o silêncio é ensurdecedor — daqueles que só é quebrado pelo barulho de dentes rangendo. Já entre os juristas, o debate esquenta:
- "Golpismo puro", dispara um constitucionalista
- "Exercício hipotético", defende um coronel na reserva
- "Terrorismo institucional", crava uma senadora
Enquanto isso, nas redes sociais, a polarização mostra sua cara feia mais uma vez. De um lado, os que juram que é "tudo invenção da mídia". Do outro, quem já está escolhendo o tom da tinta para pintar "Fora Bolsonaro" nos muros. No meio, cidadãos comuns tentando entender como chegamos nesse nível de surrealismo administrativo.
O certo é que o depoimento do tenente-coronel — que, diga-se, teve momentos de hesitação dignos de novela das nove — joga gasolina numa fogueira que não precisava de mais lenha. Numa semana em que o país discute preço do feijão e falta de remédios, eis que a política brasileira decide competir com a ficção científica pela atenção do público.