
Eis que a Justiça da Paraíba dá um puxão de orelha que vai doer no bolso — e no ego. Um ex-prefeito, desses que acham que mandato é álbum de fotos, foi condenado a pagar R$ 20 mil por colocar a própria cara em cadernos escolares. Sim, você leu certo: material que deveria ensinar tabuada virou vitrine de campanha.
O caso aconteceu em 2023, mas só agora saiu a sentença. O juiz não só considerou a prática ilegal como determinou que o ex-gestor ressarça os cofres públicos pelo gasto indevido. Afinal, caderno não é outdoor — ou será que alguns políticos ainda não entenderam essa diferença?
O que diz a lei?
Segundo o Ministério Público, que moveu a ação, usar recursos públicos para autopromoção fere princípios básicos da administração. "É como se o contribuinte estivesse bancando propaganda eleitoral antecipada", explicou um promotor, em tom que misturava indignação com cansaço de ver sempre os mesmos truques.
Detalhe curioso: os materiais foram distribuídos em pleno período letivo, sem qualquer relação com projetos pedagógicos. Pais e professores reclamaram, mas só após a troca de gestão o caso veio à tona. Coincidência? Difícil acreditar.
E as crianças?
Psicólogos ouvidos pelo caso alertam: exposição forçada a figuras públicas pode confundir alunos. "Escola é lugar de aprender, não de culto à personalidade", resumiu uma especialista, enquanto ajustava os óculos com ar de quem já viu essa novela antes.
O ex-prefeito, claro, alega "boa-fé". Diz que só queria "aproximar a gestão da população". Mas a Justiça não comprou — e agora ele tem 30 dias para recorrer ou pagar a multa. Enquanto isso, nas escolas, professores usam o caso como aula prática de cidadania. Ironia que não foi planejada, mas ficou perfeita.