Ex-marido da primeira-dama recebeu R$ 1,3 milhão de empresas investigadas por desvio de verba para cestas básicas no Tocantins
Ex-marido de primeira-dama recebeu R$ 1,3 mi em meio a desvios

Parece que o velho ditado "diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és" ganhou uma versão moderna na política tocantinense. E dessa vez, o buraco é mais embaixo — muito mais embaixo.

Um documento judicial que circula nos bastidores do poder revela que o ex-marido da primeira-dama do Tocantins, Carine Andrade, recebeu nada menos que R$ 1,3 milhão de empresas que estão no centro de uma tempestade investigativa. E olha que estamos falando de dinheiro público destinado a alimentar famílias em situação de vulnerabilidade durante aquele período sombrio da pandemia.

Os números que não fecham

O juiz Fernando Moura, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Palmas, não ficou nada satisfeito com as explicações — ou melhor, com a falta delas. As empresas Fênix Comércio de Alimentos e JR Açaí e Cia Ltda, ambas do mesmo dono, receberam valores absurdos pelos mesmos produtos, mas com preços que variavam como o humor de político em ano eleitoral.

Imagine só: R$ 85 por cesta básica de uma empresa contra R$ 179 da outra. A mesma cesta, o mesmo conteúdo, preço mais que dobrado. Alguém aqui está achando que somos todos trouxas?

O fio que entrelaça o poder

Agora vem a parte que parece roteiro de novela das nove. O ex-marido da primeira-dama, através de sua empresa M. A. A. Serviços, recebeu dez transferências bancárias dessas empresas investigadas entre abril e julho de 2020. Coincidência? O timing é perfeito demais para ser mera casualidade.

O juiz foi direto ao ponto: "Há fortes indícios de que os valores pagos pela prefeitura tenham sido desviados para a empresa do ex-marido da primeira-dama". Não dá para fingir que não é grave.

O silêncio que fala mais alto

O que mais choca não é só o valor, mas a absoluta falta de transparência. A defesa do ex-marido simplesmente se recusou a apresentar documentos que comprovassem serviços prestados. Quando alguém não mostra a nota fiscal, meu amigo, é porque tem coisa errada.

E a prefeitura? Ah, a prefeitura alegou que não tinha como controlar o destino final do dinheiro depois de pago aos fornecedores. Conveniente, não? Pagamos e lavamos as mãos, como se o dinheiro público fosse água que corre para o ralo.

O que está em jogo

Enquanto isso, a oposição local está fazendo a festa — e com razão. O líder da oposição na Câmara de Palmas não perdoa: "Isso mostra o mar de irregularidades que foi a gestão da pandemia na cidade".

A verdade é que casos como esse corroem a já frágil confiança da população nas instituições. E no final, quem paga o pato é sempre o mesmo: o cidadão que precisa da cesta básica para colocar comida na mesa dos filhos.

Restam muitas perguntas e poucas — para não dizer nenhuma — respostas convincentes. Até quando vamos aceitar explicações esfarrapadas para desvios tão escancarados? O tempo — e esperamos que a justiça — dirá.