Ex-Comandante da Marinha se Defende: 'Nunca Coloquei Tropas a Serviço de Golpe'
Ex-comandante da Marinha nega golpe em depoimento ao STF

O clima estava tenso na sala de audiências. Na tarde desta terça-feira (2), o ex-comandante da Marinha, Almirando Garnier Santos, entregou sua versão dos fatos ao Supremo Tribunal Federal — e foi uma verdadeira bomba.

Com uma calma que quase parecia ensaiada, Garnier negou, ponto por ponto, que tenha colocado a instituição naval a serviço de qualquer movimento golpista. “Absolutamente inverídico”, teria dito, segundo fontes presentes. A defesa dele, aliás, foi enfática: em momento algum houve disposição de tropas para tal fim.

O cerne da questão

E o que dizem as acusações? Bom, a Procuradoria-Geral da República alega que, entre dezembro de 2022 e janeiro do ano passado, Garnier teria articulado — junto com outros militares — um suposto plano para manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder. Coisa séria.

Mas o almirante, claro, não concorda. Em um depoimento que durou horas, ele rebateu cada item. Disse que certas reuniões citadas eram meramente protocolares. Que conversas foram tiradas de contexto. Que tudo não passava de rotina administrativa.

Nada de extraordinário. Nada de ilícito.

E as tropas?

Aqui é que a coisa fica interessante. A defesa do ex-comandante foi taxativa: em nenhum momento a Marinha foi posta “em estado de prontidão” ou algo que o valha. Muito menos para agir contra a ordem democrática.

“Não houve, repita-se, não houve qualquer movimentação nesse sentido”, teria afirmado um de seus advogados, visivelmente irritado com a linha de questionamento.

Será? O Ministério Público Federal parece pensar diferente. Eles sustentam que existem indícios — e não são poucos — de que sim, havia um grupo trabalhando nos bastidores para fragilizar a transição presidencial.

E Garnier, segundo eles, estaria bem no centro disso.

O que vem por aí

O depoimento de hoje foi apenas mais um capítulo num processo que promete ser longo e cheio de idas e vindas. De um lado, a defesa sustenta a legalidade de todos os atos. Do outro, a acusação fala em conduta anti-democrática e tentativa de ruptura.

Enquanto isso, o país observa. Com um misto de preocupação e incredulidade.

Uma coisa é certa: o caso está longe de terminar. E as repercussões, sejam elas quais forem, vão ecoar por muito tempo nos quartéis e nos corredores do poder.