
O cenário político do Rio de Janeiro está pegando fogo — e não é metáfora. A prisão do deputado estadual Alexandre Cumino, na última quarta-feira, abriu uma caixa de Pandora que ninguém esperava. E no centro dessa trama, um nome familiar: Rodrigo Bacellar.
Ex-secretário de Segurança do governador Cláudio Castro e ex-subsecretário penitenciário, Bacellar não é nenhum desconhecido nos corredores do poder. Mas eis que as investigações da operação Cidade Blindada, da Polícia Civil, jogam luz sobre uma relação que, convenhamos, cheira mal.
Os elos entre o poder e o crime
Pois é. Cumino, preso sob a acusação de ser ponte entre políticos e a cúpula do Comando Vermelho, não escondia sua proximidade com Bacellar. E não estamos falando de um 'oi' no corredor. As escutas telefônicas mostram conversas francas, diretas, do tipo que não se tem com um mero conhecido.
Num dos diálogos, Bacellar chega a discutir a nomeação de um diretor de presídio. Assunto delicado, não? Principalmente quando se sabe que Cumino é apontado como operador do tráfico dentro do sistema prisional.
— A gente se fala, teria dito Bacellar, encerrando um dos contatos. Sim, e como se falaram.
As defesas e os silêncios
Procurado, Bacellar nega. Diz que as conversas eram meramente institucionais, já que Cumino era parlamentar. Afirma que não há nada de ilícito. Mas a pergunta que fica é: até onde vai essa 'institucionalidade' quando se trata de um deputado investigado por vínculos com o crime organizado?
O governador Castro, por sua vez, mantém aquele silêncio estratégico. Não comenta. Afastou Bacellar do comando da Secretaria de Segurança em abril, mas manteve o ex-assessor bem pertinho, como chefe de gabinete. Conveniente, não?
Já a Polícia Civil não tem dúvidas: considera a relação entre os dois 'íntima e frequente'. Palavras fortes, que ecoam pelos Palácios e delegacias.
O que isso tudo significa?
Para o cidadão comum, é mais um capítulo naquela novela triste em que o poder público e o crime organizado parecem dançar uma vala perigosa. Uma coreografia que, não raro, termina em sangue e corrupção.
As investigações continuam. E a pergunta que todo mundo faz é: quantos outros Bacellars e Cuminos estão por aí, navegando entre dois mundos que deveriam ser inconciliáveis?
O Rio merece respostas. E a sociedade, honestidade.