
O plenário virtual do Supremo Tribunal Federal virou um verdadeiro campo de batalha jurídica nesta semana, e um nome ecoou com força surpreendente pelos autos do processo: Jair Bolsonaro. Não foram os procuradores, no entanto, que puxaram essa corda. Quem colocou o ex-presidente no centro do ringue foram, veja só, os advogados de defesa do general Augusto Heleno.
É isso mesmo que você leu. A estratégia da defesa do militar, um dos investigados na operação que apura supostos preparativos para um golpe de Estado, decidiu mirar os holofotes no antigo chefe. Das 19 vezes em que o nome 'Bolsonaro' apareceu nos embates entre defensores e o Ministério Público Federal, impressionantes 15 vieram da boca dos advogados do general. Faz você pensar, não é?
Uma estratégia calculada ou um tiro no escuro?
Os números não mentem, mas as intenções por trás deles são um quebra-cabeça. A equipe de Heleno parece ter adotado uma postura agressiva, quase como se estivesse dizendo: 'Se vamos falar de conspiração, vamos falar de todos os envolvidos, especialmente do principal nome'. Será uma manobra para diluir as responsabilidades do seu cliente? Uma tentativa de mostrar que qualquer plano, se é que existiu, não seria executado sem uma ordem direta do topo?
O Ministério Público Federal, por sua vez, manteve um perfil mais contido. Apenas quatro menções ao ex-presidente partiram dos procuradores. Eles parecem focados em costurar a narrativa jurídica com fios mais finos, concentrando-se nas evidências concretas contra cada um dos réus, sem necessariamente puxar o fio para a figura mais proeminente a todo momento.
O silêncio que fala mais alto
E onde está Bolsonaro em meio a tudo isso? Essa é a pergunta de um milhão de dólares. Sua defesa, até o momento, optou por um silêncio quase absoluto sobre o caso. Nenhum advogado formalmente representando o ex-presidente deu as caras para contestar ou se pronunciar sobre as inúmeras citações. É um silêncio estratégico, calculado para não alimentar a polêmica? Ou um sinal de que ele nem se considera parte dessa história?
O julgamento, que analisa pedidos de habeas corpus para soltura de outros investigados, como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, acabou se transformando num palco indireto para um debate muito maior. O fantasma do dia 8 de janeiro e de tudo que supostamente o precedeu assombra cada argumento, cada petição.
O que está claro é que a defesa de Augusto Heleno não está com papas na língua. Eles estão forçando a barra, colocando o elefante na sala e desafiando a corte a encarar a dimensão política total do caso. Resta saber se os ministros do STF vão comprar essa briga ou se vão manter o foco estritamente nos aspectos legais individuais. Uma coisa é certa: o nome Bolsonaro, queiram ou não, já se tornou coadjuvante obrigatório neste drama judicial.