
O que a defesa de Jair Bolsonaro está aprontando nos bastidores jurídicos é, no mínimo, uma aula de criatividade forense. Eles estão tentando — pasmem — requalificar as acusações contra o ex-presidente, num movimento claro de facilitar uma eventual anistia.
Não é de hoje que a estratégia deles gira em torno de minimizar a gravidade dos fatos. E agora, parece que decidiram ir além.
O cerne da questão
O problema é simples, mas profundo: crimes como organização criminosa e tentativa de golpe são considerados inanistiáveis. Ou seja, não dá para simplesmente apagar com uma canetada, mesmo que política.
E aí entra o plano: se não podem anistiar o crime, que tal mudar o crime? A defesa trabalha para desidratar as acusações, transformando-as em infrações menos graves — do tipo que uma anistia poderia varrer para debaixo do tapete.
Os crimes sob pressão
- Organização criminosa: talvez o mais complicado de engolir. Eles argumentam que não havia um grupo estruturado, só… bom, conversas.
- Tentativa de golpe: aqui, a defesa insiste que foi tudo um grande mal-entendido. Nada de intenção real de quebrar a ordem.
- Interferência eleitoral: mais um que tentam reduzir a mera opinião política, exagerada talvez, mas não criminosa.
Não é à toa que os procuradores do Ministério Público Federal estão com os cabelos em pé. Eles veem a manobra como um atalho perigoso — um jeito de burlar a lei sem realmente enfrentá-la.
E o STF? Bem, o Supremo segue assistindo. Cabe a eles decidir se compram a narrativa ou se seguram a barra da legalidade.
Enquanto isso, o Brasil observa. Mais um capítulo na novela judicial que parece não ter fim — e que, francamente, deixa todo mundo com um pé atrás sobre até onde vale a flexibilidade da justiça.