
Não é novidade que os Correios estão nadando contra a maré financeira há tempos. Mas o que choca — ou nem tanto, considerando como as coisas funcionam por aqui — é como a estatal continua sendo peça-chave no tabuleiro político do Planalto. Enquanto a empresa acumula prejuízos e corta serviços, parece que alguém esqueceu de avisar que ela não é moeda de troca.
Dizem por aí que "em time que está ganhando não se mexe". Só que, no caso dos Correios, o time está perdendo feio, e ainda assim a máquina política insiste em usar a empresa como se fosse um vale-presente para aliados. Convenhamos: não é exatamente um segredo de Estado que cargos e verbas da estatal são distribuídos como bala no Dia das Crianças.
O jogo político por trás dos envelopes
Quem acompanha o noticiário político sabe que os Correios sempre foram um prato cheio para negociatas. Mas a situação atual beira o surreal: enquanto a população enfrenta filas intermináveis e serviços precários, lá no andar de cima a empresa vira moeda de câmbio para acordos que nada têm a ver com entregar cartas.
Alguns exemplos que circulam nos corredores de Brasília:
- Indicações políticas para cargos estratégicos, mesmo sem qualificação técnica
- Contratos "direcionados" para empresas aliadas
- Verbas repassadas a fundações com ligações políticas
E o pior? Tudo isso acontece enquanto a empresa sangra dinheiro. No ano passado, os prejuízos bateram recorde — mas parece que, para certas pessoas, o vermelho no balanço é menos importante que o vermelho das bandeiras partidárias.
O custo da politicagem para o contribuinte
Enquanto isso, você aí, contribuinte, paga a conta duas vezes: primeiro com seus impostos sustentando a estatal deficitária, depois com serviços que deixam a desejar. Não é à toa que muita gente já desistiu de enviar cartas e só usa os Correios quando não tem alternativa.
O paradoxo é digno de nota: uma empresa que deveria conectar o país está cada vez mais desconectada da realidade. Enquanto o governo fala em modernização e eficiência, a prática nos mostra um cenário bem diferente — onde interesses políticos falam mais alto que a qualidade do serviço público.
Será que um dia essa conta vai fechar? Difícil dizer. Mas uma coisa é certa: enquanto os Correios forem tratados como moeda política, quem perde é sempre o mesmo — o cidadão que precisa do serviço e paga por ele.