
Não é de hoje que Caetano Veloso mete o bedelho nas questões políticas do país — e quando ele fala, a nação para pra ouvir. Dessa vez, o baiano afiado soltou o verbo sobre a tal PEC 5/2025, a famigerada "PEC da Blindagem", e deu um novo nome que pegou feito rastafári em marcha: "PEC da Bandidagem".
Num estouro de sinceridade raro até pra ele, Caetano não poupou críticas. Pra quem não sabe, a proposta em questão quer criar uma série de obstáculos pra investigar e processar autoridades — juízes, desembargadores, promotores, parlamentares… gente com poder, basicamente.
O cerne da polêmica
O que mais irritou o artista foi a exigência de que haja um "fumus commissi delicti" antes de qualquer investigação ser iniciada. Traduzindo do juridiquês: só se mexe se já tiver forte indício de crime. Como se descobre crime sem investigar direito? Eis a questão que não quer calar.
Caetano foi direto: "Isso é um convite à impunidade". E não é que ele tem um ponto? A história brasileira já mostrou que sem investigação livre, muita sujeira fica debaixo do tapete — ou pior, embaixo dos paletós de gabinete.
Reação em cadeia
Não foi só Caetano que torceu o nariz. A PEC já nasceu com rejeição forte de procuradores, juízes e até de setores do Congresso que ainda acreditam na tal "moralidade pública". Tem gente no STF de olho também — e não tá nada satisfeita.
O pior de tudo? A proposta quer blindar até quem já tá sendo investigado. Sim, você leu certo: investigações em andamento poderiam ser trancadas por falta desse tal "fumus" inicial. Conveniente demais, não?
O timing perfeito
O que mais espanta é o momento escolhido. Num país que ainda se recupera de operações como Lava Jato e tantas outras que revelaram esquemas bilionários, propor algo que dificulta investigações soa… bem, no mínimo estranho.
Caetano, com sua sagacidade habitual, cutucou: "É muita cara de pau tentar isso logo agora". E de fato, a leitura que fica é que alguém tá com pressa de se proteger antes que a casa caia — de novo.
Além da crítica artística
Não se trata apenas de um artista famoso dando palpite. A fala de Caetano ecoa um sentimento popular que já circula nas redes e nos botecos: a sensação de que querem institucionalizar a impunidade.
Ele mesmo lembrou que não é jurista, mas como cidadão — e que cidadão! — se sente no direito de opinar quando veem o país ser levado pra um caminho tão obscuro. "Isso não é blindagem, é salvo-conduto", disparou.
No fim das contas, a polêmica está só começando. Com a opinião pública acordando pra questão e figuras como Caetano puxando o coro, dificilmente essa PEC passará incólume. O Congresso pode até tentar empurrar, mas vai ter que enfrentar uma enxurrada de críticas — e dessa vez, com soundtrack de qualidade.