
O clima no Supremo Tribunal Federal está pesado, pra dizer o mínimo. Anderson Torres, aquele que já comandou a Justiça brasileira, agora ocupa o banco dos réus — e a acusação é grave como poucas: suposta cumplicidade com aqueles ataques insanos aos Três Poderes, em janeiro de 2023.
Não é brincadeira. O ex-ministro de Bolsonaro responde por dois crimes: omissão deliberada e conexão com uma suposta tentativa de golpe que abalou o país. A Procuradoria-Geral da República joga pesado, afirmando que Torres, longe de ser um mero espectador, teria sido peça fundamental no quebra-quebra democrático.
O que diz a defesa? Alegam perseguição.
Do outro lado, a defesa não poupa críticas. Chamam o processo de "teatrinho político", uma narrativa forjada para criminalizar quem pensa diferente. Seu argumento principal? Anderson Torres nem estava no país durante os ataques. Estava de férias em Orlando, com a família — e, pasmem, teria deixado ordens expressas para que a segurança do DF fosse mantida.
"Isso é lawfare puro", dispara um dos advogados, que pede anulação do processo. Alegam vícios formais, quebras de protocolo e — claro — motivação política por trás de toda a acusação.
E as provas? O tal documento 'Estado de Sítio'
O grande elefante na sala é um documento encontrado na casa de Torres, após buscas autorizadas pela Justiça. Um esboço de decreto de estado de sítio — algo extremamente grave, que daria poderes excepcionais ao então presidente Bolsonaro.
A defesa minimiza. Diz que era apenas uma "minuta inconclusa", algo que nunca saiu do papel e que, inclusive, havia sido recebido de terceiros sem qualquer validade. "Papel não rasga mundo", rebate a acusação, insistindo que o texto prova intenções golpistas.
E agora, José?
O plenário virtual do STF segue analisando o caso. Ministros como Alexandre de Moraes — sim, aquele mesmo — já sinalizaram que veem indícios robustos contra Torres. Do outro lado, vozes mais cautelosas pedem calma e lembram que, no estado democrático de direito, ninguém é culpado até que se prove o contrário.
Enquanto isso, Torres aguarda — sua liberdade atual está condicionada ao uso de tornozeleira eletrônica e entregue de passaporte. Se condenado, pode enfrentar anos atrás das grades.
Uma coisa é certa: o julgamento vai muito além de um único homem. Ele simboliza um país dividido, uma ferida aberta na democracia — e um teste crucial para as instituições brasileiras.