
Era pra ser mais uma terça-feira comum, mas o dia mal havia começado e já terminava em tragédia. Por volta das 7h30 da manhã, no bairro do Camorim, Zona Sudoeste do Rio, o sargento da Polícia Militar Claudio Roberto de Araujo, de 46 anos, foi surpreendido por criminosos. Doze tiros. O barulho seco da violência ecoou pelas ruas ainda tranquilas da região.
Testemunhas, aquelas que ainda se arriscam a ver e falar, contaram à polícia que dois homens chegaram de moto. A cena é terrivelmente familiar, infelizmente. Eles se aproximaram do PM e, sem qualquer cerimônia, dispararam repetidamente. A precisão foi brutal. O sargento, que estava de folga, não teve chance de reação.
A pergunta que fica no ar, mais pesada que a fumaça da pólvora, é: qual foi a motivação? A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) assumiu o caso e tenta desvendar esse quebra-cabeça macabro. Seria uma execução sumária? Vingança? Algo relacionado ao serviço? As possibilidades são várias e nenhuma delas é boa.
Uma Carreira Interrompida pela Violência
Claudio Roberto integrava a 2ª Companhia do 19º Batalhão da PM, o famoso Batalhão de São Conrado. Uma vida dedicada à corporação, cortada pela fúria de quem não hesita em usar uma arma. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), onde peritos farão os exames necessários. Enquanto isso, a cena do crime foi isolada — a fita amarela que todo carioca conhece bem — para a coleta de provas.
O governador do estado, Marcelo Freitas, não se calou diante do ocorrido. Em suas redes sociais, usou a palavra "covarde" para definir o assassinato e prometeu que não medirá esforços para encontrar os responsáveis. "A Polícia Civil trabalha sem descanso para elucidar este caso e levar os assassinos à Justiça", afirmou. São promessas que a população, cansada de ver notícias assim, espera ver cumpridas.
O que mais assusta, pra ser sincero, é a frieza. Doze tiros não são um acidente, não são um aviso. São uma sentença. E isso acontece num Rio de Janeiro que vive um eterno cabo de guerra entre a ordem e o caos. Um PM morto em sua folga é um golpe duro na moral de todos os que vestem a farda e um sinal alarmante para a sociedade.
O que Vem Por Aí?
Os investigadores agora vasculham câmeras de segurança da região — se houverem — e buscam mais testemunhas. Em casos assim, o silêncio costuma ser uma muralha difícil de transpor. A expectativa é que o IML libere o corpo ainda nesta terça para que a família possa realizar o velório. Uma dor que nenhuma família de policial deveria passar, mas que, sabe-se lá por que razão, se repete com uma frequência angustiante.
O caso lembra outros episódios tristes que mancharam a história recente da segurança pública fluminense. A sensação é de que a violência não escolhe momento nem lugar. E, no fim das contas, todo mundo perde. A cidade fica um pouco mais cinza, um pouco mais assustada.