
O cenário paradisíaco de uma praia baiana virou palco de uma tragédia que chocou o meio literário. Na última terça-feira (29), banhistas encontraram o corpo de um homem que, horas depois, seria identificado como o escritor mineiro Carlos Henrique de Souza, de 54 anos — figura conhecida nos círculos culturais de Minas Gerais.
Não foi exatamente um mergulho nas águas mornas do litoral nordestino que interrompeu a vida do autor. Segundo fontes próximas à investigação, havia marcas no pescoço que levantaram suspeitas. "A cena não batia com a ideia de um acidente", comentou um agente envolvido no caso, pedindo anonimato.
Quem era o escritor?
Carlos não era um nome qualquer. Com sete livros publicados — três romances e quatro coletâneas de contos —, ele tinha um estilo marcante: histórias que misturavam o cotidiano mineiro com elementos fantásticos. "Escrevia como quem conta causos em botecos de Belo Horizonte, mas com a profundidade de quem devorou Borges e Cortázar", definiu a editora Marília Campos, que trabalhou com ele por uma década.
Seu último trabalho, lançado em março, era justamente uma ficção policial. Ironia do destino? Talvez. O que sabemos é que o manuscrito do próximo livro — sobre o qual ele vinha comentando com amigos — desapareceu do apartamento onde morava sozinho.
Reações e mistérios
A notícia da morte chegou como um soco no estômago para os colegas de profissão. No Twitter, o poeta Ricardo Alves postou: "Carlos partiu deixando histórias inacabadas, inclusive a sua". Já nas livrarias da Savassi, bairro cultural de BH, clientes perguntavam pelos títulos do autor assim que a notícia se espalhou.
Detalhes que intrigam:
- Carlos havia chegado à Bahia três dias antes, segundo registros de hotel
- Seu celular não foi encontrado no local
- Um bilhete manuscrito com coordenadas geográficas estava no bolso da bermuda
A delegada responsável pelo caso, Dra. Luciana Mendonça, evitou especulações: "Estamos tratando todas as linhas de investigação com igual atenção". Enquanto isso, familiares aguardam a liberação do corpo para o sepultamento em Contagem, cidade onde o escritor passou a infância.
Uma última curiosidade: na mesa de trabalho de Carlos, segundo amigos, havia um post-it com uma frase que agora soa profética: "Boas histórias sempre terminam de repente".