
Um cenário que parecia saído de reality show — carros importados reluzentes, cavalos de raça e propriedades rurais de tirar o fôlego. Mas essa fachada dourada, segundo investigadores, escondia um esquema que deixou dezenas de agricultores com as contas no vermelho. E não foi pouco: R$ 22 milhões evaporaram como água no sertão.
O alvo? Produtores rurais do oeste paranaense, muitos deles com décadas de experiência no campo, mas que caíram como patinhos na lábia bem ensaiada do suposto golpista. "Ele chegava como um anjo salvador, falando de investimentos mirabolantes e lucros certos", relata um dos atingidos, que preferiu não se identificar — o constrangimento ainda dói.
Modus operandi: do champanhe ao prejuízo
O esquema, segundo as vítimas, seguia um roteiro quase teatral:
- Primeiro ato: aproximação em eventos agropecuários, sempre com roupas caras e promessas mais caras ainda
- Segundo ato: convites para conhecer suas propriedades "de sucesso", com direito a almoços regados a vinhos importados
- Terceiro ato: a proposta irrecusável — investimentos com retorno garantido em contratos cheios de letras miúdas
Quando as primeiras cobranças atrasaram, o empresário — que agora responde a processo criminal — sumiu do mapa. Literalmente. "Tentamos contato por meses. Até os cavalos de raça sumiram das fazendas", conta um pecuarista que perdeu R$ 800 mil.
A ostentação que delatou
Curiosamente, foi justamente o estilo de vida nababesco que levantou suspeitas. Enquanto os agricultores enfrentavam dificuldades, o acusado postava fotos em redes sociais:
- Novos carros zero quilômetro toda temporada
- Viagens internacionais em primeira classe
- Festas em mansões com celebridades regionais
"Ninguém acumula tanto dinheiro honestamente nesse curto espaço de tempo", disparou o delegado responsável pelo caso, em entrevista coletiva que pareceu mais roteiro de filme policial.
O caso agora está nas mãos da Justiça — e serve de alerta para o agronegócio brasileiro. Num setor que movimenta bilhões, a desconfiança pode ser tão importante quanto a análise de solo. Como diz o ditado rural: "Quando a esmola é demais, o santo desconfia". E nesse caso, o santo estava certíssimo.