
Era uma manhã como qualquer outra na Zona da Mata mineira — até que não era. Enquanto a maioria dos moradores de Miraí e Muriaé preparava o café, uma força-tarefa da Polícia Civil executava uma das operações mais explosivas dos últimos tempos. O alvo? Nada menos que seus próprios colegas de farda.
Sim, você leu direito. Dois delegados e cinco investigadores estão no centro de uma investigação que parece roteiro de filme policial — mas é a pura realidade. A operação "Monolith" (que nome, hein?) desvendou um esquema tão surreal que chega a dar calafrios.
O que diabos estava acontecendo?
Segundo as investigações — que já rolam há meses, diga-se — os policiais teriam formado uma milícia armada para… proteger uma mineradora! A empresa GMC Mineração, que atua na região, supostamente recebia um "serviço de segurança" que mais parecia com proteção de máfia.
E olha que o negócio era profissional: os agentes usavam viaturas oficiais, armas da corporação e até equipamentos de comunicação da polícia para fazer segurança privada irregular. Imagina a cara do cidadão ao ver uma viatura da Polícia Civil fazendo escolta de caminhão de minério?
As acusações são graves — e múltiplas:
- Formação de organização criminosa (essa é pesada)
- Exercício arbitrário das próprias razões (ou seja, fazer justiça com as próprias mãos)
- Corrupção ativa e passiva (clássico, mas sempre revoltante)
- Interceptação telefônica ilegal (isso sim é preocupante)
- Violação de sigilo processual (quebra de confiança total)
Não contentes em desvirtuar completamente suas funções, os investigados ainda faziam escoltas armadas para caminhões — mesmo sem autorização judicial — e soltavam ameaças a quem questionasse suas "atividades paralelas".
As consequências começam a aparecer
Nesta quarta-feira (4), a Justiça autorizou buscas em pelo menos oito endereços ligados aos investigados. Entre os alvos estão as próprias delegacias de Miraí e Muriaé, o que mostra o nível de penetração do esquema.
O delegado-geral da Polícia Civil, Wagner Pinto, soltou uma declaração que diz muito: "Estamos apurando condutas desviantes de alguns policiais que maculam a honorabilidade da corporação". Em português claro: tão metendo o nome da polícia na lama.
O pior de tudo? Esse não é um caso isolado. A operação Monolith faz parte de uma investigação maior que já prendeu outros cinco policiais no ano passado — incluindo o próprio delegado de Miraí na época. Parece que a maçã podre estava contaminando o cesto inteiro.
Enquanto as investigações seguem, a população fica com aquela pergunta incômoda: em quem podemos confiar se até quem deveria nos proteger está envolvido em esquemas obscuros?
Uma coisa é certa: a operação de hoje manda um recado claro — nenhum cargo ou patente vai proteger quem decide trocar a lei pelo crime.