
Era uma madrugada tensa na Zona Norte do Rio quando os policiais cercaram o galpão suspeito. Doze homens, que acreditavam estar protegidos pela escuridão, foram pegos de surpresa — e com as mãos literalmente na massa.
Numa ação que misturou inteligência policial e paciência de caçador, a delegacia de roubos e furtos desmontou uma operação especializada em sumiços de solventes industriais. Esses produtos, que deveriam estar em fábricas, vinham sendo desviados há meses.
O que a polícia encontrou
Na batida, os agentes se depararam com:
- Mais de 200 galões de solventes (alguns ainda com etiquetas de empresas legítimas)
- Equipamentos para adulteração de produtos químicos
- Documentos falsos e notas fiscais frias
- Dois caminhões adaptados para transporte clandestino
"Eles tinham um esquema quase profissional", admitiu um dos investigadores, ainda impressionado com o nível de organização. Os produtos, segundo as primeiras investigações, eram revendidos para oficinas mecânicas e pequenas indústrias por preços abaixo do mercado.
Modus operandi revelado
O esquema funcionava como um relógio suíço — mas com uma engrenagem quebrada. Os ladrões:
- Faziam reconhecimento prévio dos locais
- Contratavam seguranças noturnos corruptos
- Usavam uniformes falsos de empresas de transporte
- Alteravam as características dos produtos para dificultar rastreamento
E pensar que tudo começou a desmoronar por causa de uma denúncia anônima. Um ex-funcionário, descontente com sua parte no "negócio", resolveu contar tudo à polícia. Moral da história? Até no crime organizado a ganância pode ser o calcanhar de Aquiles.
Os presos, que agora enfrentam acusações de furto qualificado, formação de quadrilha e receptação, estão sendo interrogados. A polícia acredita que o grupo possa estar por trás de pelo menos 30 desaparecimentos misteriosos de cargas químicas nos últimos seis meses.
Enquanto isso, as empresas vítimas desses furtos comemoram a ação. "Finalmente algum alívio", comentou o gerente de uma indústria que perdeu R$ 80 mil em produtos no primeiro trimestre. Ainda assim, o conselho dele é válido: "Nunca subestimem a criatividade dos bandidos — nem a persistência da polícia".