
O cenário é sombrio, e a revelação chega para confirmar os piores temores. Em uma sala de interrogatórios, longe dos holofotes, um delator conhecido apenas como 'Derrite' despeja informações que beiram o roteiro de um filme de ação – só que terrivelmente real.
Segundo ele, o Primeiro Comando da Capital, a facção criminosa que há décadas aterroriza São Paulo, não age mais apenas na base da oportunidade. A organização supostamente criou, pasmem, um grupo de operações especiais. Uma tropa de elite, treinada com um único e assustador propósito: atacar autoridades.
Os detalhes que assustam
Não se trata de um bando qualquer. 'Derrite', que colabora com a força-tarefa 'Lava Jato' em São Paulo, pintou um quadro detalhado para os promotores. O tal grupo seria composto por membros selecionados a dedo, submetidos a um preparo que vai muito além do usual no mundo do crime.
O objetivo? Bem, é aí que o caldo entorna. A função principal seria "executar ações contra agentes públicos, especialmente aqueles envolvidos na repressão à facção". Em outras palavras, uma unidade de caça, não de defesa.
Uma tática restrita e letal
O que mais chama a atenção, no entanto, é a discrição com que essa tática seria empregada. O delator foi enfático: o uso desse grupo é extremamente restrito. Eles não seriam acionados para qualquer conflito ou disputa de poder. Aparentemente, a ordem só viria para situações consideradas críticas pela cúpula do PCC.
Isso sugere um nível de planejamento e controle que vai muito além da violência aleatória que costumamos associar ao crime organizado. Parece uma estratégia fria, calculista. Quase militar.
E pensar que tudo isso está acontecendo bem debaixo dos nossos narizes.
O que isso significa para a segurança pública?
A pergunta que fica, e que certamente tira o sono de muitos, é: como combater uma ameaça tão específica? Se a informação se confirmar, as estratégias de proteção a juízes, promotores, policiais e outros agentes terão que ser revistas – e rápido.
Não é mais apenas sobre segurança pessoal no dia a dia. É sobre se preparar para um inimigo treinado, focado e com mandado de caça. O jogo, parece, mudou de patamar.
O Ministério Público Federal, é claro, mantém o sigilo sobre os desdobramentos da delação. Mas uma coisa é certa: o depoimento de 'Derrite' joga uma luz sinistra sobre a sofisticação operacional do PCC. E São Paulo nunca mais será vista da mesma maneira.