
Eis que a vida te prega peças das quais você jamais esperaria escapar. Imagine descobrir que seu nome está numa lista de condenados à morte - não por acaso, mas por decisão de quem deveria proteger a lei.
O ex-delegado Paulo Roberto Ferreira, brutalmente executado a tiros dentro do próprio carro no último sábado, vivia há meses sob essa terrível consciência. Ele não apenas sabia da existência dessa lista macabra, como tinha plena noção de que figurava entre os alvos prioritários.
"Era uma ordem específica para eliminar autoridades", revela uma fonte próxima ao caso, com a voz ainda tremula pela recente comoção. "E o nome dele estava lá, negro no branco, como se fosse mais uma mera formalidade burocrática."
O Pesadelo que se Tornou Realidade
Paulo Roberto não era qualquer um na estrutura policial. Com passagem pela Divisão de Homicídios e depois pela DELEP (Delegacia Especializada em Lavagem de Dinheiro e Recuperação de Ativos), ele acumulava inimigos poderosos. Justamente aqueles que ele mesmo ajudou a investigar.
Nos últimos tempos, a sensação de estar sendo seguido tornou-se constante. O ex-delegado chegou a comentar com colegas mais próximos sobre "pressões estranhas" e "interesses escusos" querendo silenciá-lo. Mas quem poderia imaginar que a ameaça seria tão concretamente mortal?
O assassinato ocorreu por volta das 18h30 de sábado, no bairro Santa Felicidade, em Curitiba. Dois homens em uma moto - o clássico modus operandi dos executores profissionais - aproximaram-se do veículo e efetuaram múltiplos disparos. Nada de assalto, nada de discussão prévia. Ação rápida, precisa e letal.
As Pistas que Sobraram
Investigadores agora correm contra o tempo para desvendar quem estava por trás da ordem. As suspeitas recaem sobre facções criminosas que Ferreira combatia, possivelmente em retaliação direta às suas investigações.
Curiosamente, ou tragicamente, o ex-delegado havia deixado a polícia civil justamente por sentir que "a instituição já não oferecia segurança suficiente para quem realmente enfrentava o crime organizado". Ironia amarga que seu temor se mostrasse tão fundamentado.
Além dele, a lista incluía outros nomes - autoridades cujas identidades permanecem sob sigilo por questões de segurança. O que sabemos é que o perigo persiste, e que a execução de Paulo Roberto pode ser apenas o primeiro capítulo de uma série trágica.
Restam muitas perguntas: Quem elaborou essa lista? Quantos mais estão ameaçados? E até quando o Estado permitirá que criminosos ditem quem vive ou morre no exercício da lei?
Enquanto isso, a família de Paulo Roberto chora a pergunta de um homem que dedicou a vida à justiça, apenas para descobrir que, no fim das contas, a justiça pouco pode fazer contra a barbárie organizada.