Rei do Tráfico na Maré: Chefe da TCP Tinha 200 Anotações Criminais e Comandava Tribunal Sanguinário
Chefe da TCP na Maré tinha 200 anotações criminais

O cenário que se descortinou na Favela da Maré nesta sexta-feira vai muito além de mais um confronto rotineiro. A execução de Wellington da Silva Braga, conhecido nos becos como Dadinho, expôs as entranhas de uma organização criminosa com métodos que beiram o surreal.

O secretário de Polícia Civil, Fernando Veloso, não economizou nas palavras ao descrever a operação. "Encontramos algo que parece saído de um filme de máfia", confessou, ainda visivelmente impactado. E não era para menos.

O Arquivo do Crime

Entre os pertences do chefão da TCP, a polícia deparou-se com um verdadeiro tesouro investigativo: um caderno com nada menos que 200 anotações minuciosas. Cada página - detalhes de operações, nomes, valores, até mesmo estratégias de segurança. Uma meticulosidade que surpreendeu até os investigadores mais experientes.

"Ele anotava tudo, mas tudo mesmo", revelou um delegado que preferiu não se identificar. "Desde quantias de dinheiro até disputas internas. Era seu livro de contabilidade do crime."

O Tribunal da Morte

Mas o mais aterrador vinha a seguir. Dadinho não era apenas um líder - era o presidente de what podemos chamar de tribunal do tráfico. Sim, você leu certo. Um tribunal paralelo onde ele decidia quem vivia ou morria.

As sessões aconteciam na própria comunidade, com o chefe da TCP julgando supostos "traidores" e "inimigos". As penas? Invariavelmente morte, executada de formas que o secretário classificou como "extremamente violentas". Um verdadeiro reinado de terror.

Veloso foi direto: "Estamos falando de um indivíduo que institucionalizou a violência. Criou procedures, rituais, todo um sistema paralelo de justiça criminal".

O Legado de Violência

O que choca nesta história não é apenas a brutalidade, mas a sofisticação. Dadinho transformou o crime em empresa, a violência em procedimento operacional padrão. Suas anotações - que agora estão nas mãos da polícia - são um mapa detalhado desse império de horror.

Os investigadores acreditam que o material pode desvendar dezenas de crimes não solucionados. Cada página virada revela novos nomes, novas conexões, novos métodos dessa organização que aterrorizava a Maré.

Restam muitas perguntas. Como um sistema paralelo assim funcionou por tanto tempo? Quantas vidas foram ceifadas por essas "sentenças"? E o mais importante: o que acontece agora com a TCP sem seu líder máximo?

Uma coisa é certa - o caderno de anotações de Dadinho vai manter os investigadores ocupados por muitos meses. E talvez revele segredos ainda mais sombrios sobre o funcionamento do crime organizado nas favelas cariocas.