
Parece que o capítulo mais turbulento do desastre de Mariana está perto do fim — ou pelo menos é o que as mineradoras esperam. A Vale e a BHP, duas das maiores do setor no mundo, acabam de colocar na mesa uma proposta que faz até os olhos dos economistas mais experientes arregalarem: R$ 76 bilhões. Sim, você leu certo. Bilhões, com "B" maiúsculo.
O valor astronômico — que daria para comprar uns 20 times de futebol de primeira linha ou construir várias cidades do zero — é a oferta para encerrar uma ação coletiva movida por mais de 700 mil pessoas na Inglaterra. A briga judicial? O rompimento da barragem do Fundão, em 2015, que deixou um rastro de destruição que até hoje assombra Minas Gerais.
O que está por trás do acordo?
Números assim não aparecem do nada. A proposta, que ainda precisa ser aprovada pelos juízes ingleses, tem um gosto amargo de "melhor prevenir do que remediar". Afinal, processos desse tipo podem arrastar empresas por décadas — e custar muito mais do que o valor atual.
Detalhe curioso: o processo corre na Inglaterra porque muitos dos afetados são representados por um fundo de investimento britânico. Coisas do mundo globalizado, não é mesmo?
E os atingidos no Brasil?
Aqui a coisa fica mais complicada. Enquanto a ação inglesa avança, no Brasil ainda há milhares de pessoas esperando reparação completa. Alguns especialistas já levantam a questão: será que esse acordo lá fora pode influenciar os processos por aqui?
"Tem gente que ainda vive com a lama na memória — e no quintal", comentou um morador de Mariana que preferiu não se identificar. A ferida, claramente, ainda não fechou.
Agora é esperar para ver se os tribunais ingleses vão engolir a proposta. Se aprovada, pode ser o maior acordo do gênero na história do país — e um alívio (financeiro, pelo menos) para as gigantes da mineração.