
E não é que o tapete vermelho da fama finalmente encontrou o cinza concreto da cadeia? Numa decisão que ecoou pelos corredores do poder — e pelas redes sociais —, o Supremo Tribunal Federal manteve, por 10 votos a 1, a prisão do ex-jogador Robinho.
Pois é. Aquele que um dia driblou zagueiros agora tenta, em vão, driblar a justiça. A história é velha conhecida: condenado a nove anos de prisão pela Justiça italiana por participar de um estupro coletivo em 2013, o caso finalmente encontrou seu epílogo em solo brasileiro.
O placar não foi nada apertado. Apenas o ministro Nunes Marques — sempre ele, não é? — votou contra. O resto do time do STF entendeu que o ex-atacante deve mesmo cumprir a pena aqui, graças a um tratado de cooperação internacional que o Brasil, pasmem, respeitou.
O jogo já tinha acabado
Robinho tentou de tudo. Alegou que a condenação na Itália veio de provas não revisadas no Brasil. Disse que tudo não passava de um “quebra de protocolo”. Mas a realidade é dura como uma entrada de lateral: a Itália condenou, a justiça brasileira reconheceu, e o STF sacramentou.
E olha que ironia. Enquanto ele se escondia atrás de recursos e habeas corpus, a vítima — essa sim, uma personagem invisível nessa novela toda — seguia sua vida tentando superar o trauma que, imagino, não some com um apito final.
O caso já tinha até chegado ao plenário virtual em 2023, mas foi suspenso. Agora, não tem mais volta. A bola caiu, o juiz apitou, e a torcida… bem, a torcida está dividida. Como sempre.
O que esperar agora?
Robinho vai para a prisão. Não é mais ‘se’, é ‘quando’. A defesa ainda pode tentar uns remates finais — um habeas corpus aqui, um recurso ali —, mas a sensação é que o jogo já está 5 a 0 no segundo tempo.
E a Itália? Fica a lição. Crimes cometidos em solo europeu não ficam impunes só porque o réu voltou para o Brasil. O sistema — lento, cheio de entraves, é verdade — funcionou. Dessa vez.
Restam as perguntas: será que a fama protege até quando? Até onde? O caso Robinho vira um precedente. Um aviso. Um lembrete de que o campo da justiça, às vezes, é o mais nivelado de todos.
E a gente fica aqui, pensando no tanto que ainda precisa mudar. No tanto que casos como esse revelam sobre poder, impunidade e — por que não? — sobre a cultura que ainda trata crime sexual como ‘falha de caráter’ e não como o que é: crime.