Júri popular começa em Aracaju para decidir destino de acusados pela morte do sindicalista Clodoaldo Santos
Júri popular inicia julgamento por morte de sindicalista

O clima na 3ª Vara do Tribunal do Júri de Aracaju estava pesado como um céu de chuva prestes a desabar. Nesta quarta-feira (23), começou oficialmente o julgamento que promete agitar os bastidores da justiça sergipana — o caso da morte do sindicalista Clodoaldo Santos, ocorrida há mais de três anos.

Quem chegou cedo ao fórum viu de perto o teatro da lei se desenrolar: promotores com expressões sérias, advogados revirando pilhas de documentos e familiares da vítima segurando fotos como se fossem relíquias sagradas. Do outro lado, os quatro réus — cujos nomes a mídia evitou divulgar por enquanto — pareciam tentar disfarçar o nervosismo com expressões neutras.

Um crime que dividiu opiniões

O caso, que alguns já chamam de "o crime político do século em Sergipe", tem camadas mais complexas que uma cebola. Clodoaldo, figura conhecida por suas posições firmes em defesa dos trabalhadores rurais, foi encontrado morto em circunstâncias que até hoje levantam debates acalorados nos botecos de Aracaju.

"Ele sempre dizia que estava com medo", lembra Maria, prima da vítima que preferiu não dar o sobrenome. "Mas quem imaginaria que..." — a voz some num soluço. O silêncio que se segue diz mais que qualquer discurso.

O que esperar do julgamento?

Especialistas ouvidos pelo G1 sugerem que este pode ser um daqueles julgamentos que viram caso de escola:

  • Mais de 30 testemunhas devem depor
  • Provas técnicas ocupam 5 pastas judiciais
  • O julgamento pode se estender por até 3 semanas

Curiosamente, o júri — formado por 7 cidadãos comuns — parece refletir a divisão da sociedade: jovens e idosos, homens e mulheres, pessoas de diferentes classes sociais. Um microcosmo de Sergipe decidindo o futuro de quatro vidas.

Enquanto isso, do lado de fora do fórum, um grupo de sindicalistas segurava cartazes com os dizeres: "Justiça por Clodoaldo". O vento quente do Nordeste levava suas vozes para longe, mas a mensagem permanecia — clara como o sol do meio-dia.