Era para ser mais um dia de cantos e rezas na Aldeia Jaguapiru, em Dourados. Mas o fogo mudou tudo. Na madrugada desta sexta-feira (9), chamas tomaram conta da casa de reza — um espaço sagrado para os Guarani Kaiowá. Quando o sol raiou, só restavam cinzas e perguntas.
A Polícia Federal já está com as botas no chão, literalmente. Agentes especializados em crimes ambientais e contra populações tradicionais foram escalados para o caso. E olha que não vai ser fácil: testemunhas falam em cheiro de gasolina no local antes do incêndio, mas os peritos ainda não confirmaram nada.
O que se sabe até agora?
Por volta das 3h da manhã, moradores acordaram com o clarão. "Parecia o sol da meia-noite", contou um ancião da aldeia, ainda tremendo. Bombeiros chegaram rápido, mas a madeira seca e a palha do teto viraram combustível perfeito. Em menos de uma hora, o lugar virou pó.
Alguns detalhes chamam atenção:
- A casa fica num ponto isolado da aldeia, longe das moradias
- Nenhum outro prédio foi atingido — o fogo pareceu "escolher" seu alvo
- Na semana passada, lideranças haviam denunciado ameaças anônimas
O cacique Adalberto Kaiowá não esconde a revolta: "Isso não é acidente. É bala de fogo contra nosso povo". A Funai já se manifestou, classificando o caso como "ataque à cultura indígena".
E agora, José?
Enquanto os peritos catam migalhas de evidências, a comunidade se reorganiza. Já tem vaquinha online pra reconstruir o espaço — porque rezar, eles vão continuar, mesmo que seja debaixo do pé de manga. "O branco queima nosso chão, mas não queima nosso espírito", diz uma jovem da aldeia, com um sorriso que não chega aos olhos.
Ah, e tem um detalhe que tá deixando todo mundo de cabelo em pé: faz exatos 3 meses que outra casa de reza pegou fogo em Caarapó, a 270km dali. Coincidência? A PF garante que vai desenrolar esse novelo até o fim.
