Documentário sobre Caso Henry Borel emociona pai e reacende debate sobre justiça no Brasil
Documentário sobre Henry Borel emociona e reacende debate

O coração do Brasil ainda sangra quando o nome Henry Borel é mencionado. Na noite de estreia do documentário que mergulha fundo nesse caso que chocou a nação, o pai do menino — com os olhos marejados e a voz embargada — fez um apelo que ecoou como um grito no vácuo da justiça brasileira: "Precisamos de respostas. Precisamos de justiça".

Quem estava na plateia naquela noite difícil de esquecer sentiu na pele o peso daqueles minutos. O ar pesado, os suspiros contidos, os lenços brancos aparecendo como flores de um jardim de luto. O documentário, que promete virar a páginas de um dos capítulos mais sombrios da nossa recente história, não poupou detalhes — e talvez nem devesse.

Um crime que abalou o país

Lembram-se daquela manhã de março de 2021? O Brasil acordou com a notícia de que um menino de quatro anos — sim, apenas quatro anos — havia morrido vítima de violência brutal. Os detalhes eram tão cruéis que pareciam saídos de um roteiro de horror. Só que era real. Demasiadamente real.

O padrasto, Dr. Jairinho, e a mãe, Monique Medeiros, acabaram presos. As investigações pintaram um quadro aterrador: agressões sistemáticas, omissões gritantes, e um sistema que — vamos ser sinceros — falhou redondamente em proteger quem mais precisava.

O peso da espera

"Dois anos se passaram", lamentou o pai de Henry durante a exibição, com aquela mistura de cansaço e determinação que só quem perde um pedaço da própria alma conhece. "Dois anos de burocracia, de processos que andam a passos de tartaruga, enquanto nossa vida virou um inferno."

Não é exagero dizer que o caso virou símbolo de tudo que está errado no sistema. A demora, as reviravoltas, a sensação de que — entre um habeas corpus e outro — a justiça parece mais preocupada com formalidades do que com vidas destruídas.

O documentário como espelho

A produção, que estreou em plataforma digital, não se contenta em apenas contar os fatos. Ela escava, cutuca, provoca. Mostra as falhas, os buracos na rede que deveria proteger nossas crianças. E deixa uma pergunta pairando no ar, como fumaça de um incêndio que não se apaga: quantos Henrys mais precisam morrer antes que algo mude?

Os diretores, aliás, acertaram em cheio ao dar voz não só aos familiares, mas aos especialistas — aqueles que, dia após dia, tentam consertar um sistema quebrado com as próprias mãos. Psicólogos, assistentes sociais, delegados... Gente que vê de perto o preço da nossa negligência coletiva.

O que esperar agora?

Enquanto o documentário ganha o mundo — e com sorte, consciências — o processo judicial segue seu curso lento. O pai de Henry, é claro, não pede vingança. "Só quero justiça", repete, como um mantra. "Para que nenhuma outra família passe pelo que passamos."

Difícil não se emocionar. Difícil não sentir raiva. Mais difícil ainda é assistir a tudo isso e não perguntar: onde falhamos como sociedade? E — mais importante — como consertamos isso antes que seja tarde demais?