O cenário, digno de um roteiro sombrio, começou a mudar de figura nesta sexta-feira. Depois de dias atrás das grades, o dentista e a técnica de enfermagem presos pela Polícia Civil de Goiás por suposta participação na morte de uma jovem de 21 anos respiraram o ar livre novamente. A defesa deles, é claro, não perdeu tempo e soltou o verbo: a prisão preventiva, decretada às pressas, teria sido um verdadeiro furo processual.
Imagine só a cena: um motel na Zona Leste de Goiânia vira palco de uma tragédia anunciada. Lá, no último dia 17, a vida da jovem C.A.M.S. chegou a um fim abrupto. Tudo indica – e as investigações seguem firme nessa linha – que ela teria procurado os dois profissionais para realizar um aborto. O procedimento, feito às escondidas, deu terrivelmente errado.
A defesa, por sua vez, crava que a prisão foi um exagero. Eles argumentam, com certa veemência, que não havia nenhum risco concreto de os dois fugirem ou atrapalharem as investigações. Sem falar que, segundo os advogados, o próprio delegado que pediu a prisão teria reconhecido que os dois colaboraram com a polícia desde o primeiro momento. Coisa de cinema, não é? A pessoa colabora e ainda vai parar na cadeia.
O caso todo tem mais reviravoltas que novela das nove. A jovem foi encontrada já sem vida no tal motel. O laudo preliminar do IML apontou a causa da morte como "embolia gasosa" – uma complicação rara e grave que pode, sim, estar ligada a intervenções médicas. Um detalhe macabro: o corpo dela foi levado para o Instituto Médico Legal, e os dois suspeitos acabaram detidos logo em seguida.
E agora, o que será que vai acontecer? Com a soltura, o caso volta para as mãos da Justiça, que vai ter que decidir os próximos passos. A promotoria, é claro, não deve ficar parada. Enquanto isso, a pergunta que fica no ar é: até onde vai a responsabilidade de um profissional de saúde em uma situação clandestina como essa?
O fato é que a liberdade, por enquanto, foi reconquistada. Mas a sombra da acusação – e da tragédia – ainda paira sobre a vida do dentista e da técnica de enfermagem. A cidade de Goiânia acompanha, com um misto de choque e curiosidade, cada novo capítulo desse drama.
