
O silêncio da noite na Praia da Graciosa foi quebrado por gritos e depois por tiros. Era setembro de 2022, e o que começou como mais um fim de tarde tranquilo na orla de Palmas terminou em tragédia. Francisco das Chagas, um vendedor ambulante de 37 anos, foi executado com três disparos à queima-roupa. Dois anos depois, a justiça tocantinense finalmente deu seu veredito.
Jeferson Alves Pereira, o acusado, foi condenado a 24 anos, 7 meses e 15 dias de prisão em regime inicialmente fechado. A sentença saiu da 2ª Vara do Tribunal do Júri da capital após um julgamento que reconstituiu cada detalhe daquela noite fatídica.
O crime que chocou a orla
Testemunhas contaram que tudo começou com uma discussão aparentemente banal. Pereira, que estava acompanhado da esposa, teria se irritado com alguma atitude do vendedor. A discussão escalou rápido — muito rápido. Em questão de minutos, Jeferson sacou uma arma de fogo e efetuou três disparos contra Francisco, que não teve chance de defesa.
O que mais chocou os presentes foi a frieza. Após os tiros, o acusado simplesmente fugiu do local, deixando a vítima agonizando na areia. Francisco foi socorrido, mas não resistiu — morreu no hospital poucas horas depois.
Longa investigação levou à condenação
A Polícia Civil trabalhou por meses para construir o caso. Reuniu provas técnicas, ouviu testemunhas, analisou imagens de câmeras de segurança. Um quebra-cabeças que foi se montando devagar, até fechar com a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE).
O julgamento, é claro, foi tenso. A defesa tentou argumentar legítima defesa, mas as testemunhas e as provas contaram outra história. O júri não teve dúvidas: homicídio qualificado, com os agravantes de uso de arma de fogo e motivo fútil. Uma decisão unânime que ecoou na sala silenciosa.
Além da pena de prisão, o condenado terá que pagar multa de 30 dias-multa — calculada em um quinto do salário mínimo vigente à época do crime — e cobrir todas as despesas processuais.
Francisco das Chagas deixa família e amigos. Era conhecido na região como um trabalhador incansável, sempre com um sorriso no rosto — ironia cruel para um fim tão abrupto. Sua história virou símbolo de uma violência que, infelizmente, ainda assombra nosso cotidiano.
Agora, a justiça foi feita. Mas como sempre digo depois de cobrir esses casos há anos: nenhuma sentença devolve uma vida. No máximo, tenta equilibrar a balança — que sempre fica pesada do lado da perda.