
Quase treze anos se passaram, mas a ferida ainda lateja. Dois dos condenados pela tragédia da Boate Kiss, aquele pesadelo de fumaça e pânico que ceifou 242 vidas em Santa Maria, deram mais um passo no labirinto jurídico brasileiro.
Nesta sexta-feira, um juiz da Vara de Execuções Criminais do Rio Grande do Sul – pasmem – autorizou a progressão de regime para o semiaberto de Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann. A decisão, que ecoa pelos corredores do fórum como um trovão distante, veio após um recálculo das penas. Um daqueles recálculos que só o direito penal sabe fazer.
Os dois, originalmente sentenciados a 18 anos e 6 meses atrás das grades, tiveram suas punições revisadas para 17 anos e 3 meses. Uma diferença de um ano e três meses que, no universo das barras da lei, faz toda a diferença. Foi essa migalha de tempo que abriu a porta para o regime semiaberto.
O Longo Caminho Até Aqui
Ah, o tempo. Ele escorre diferente para as famílias das vítimas. Enquanto isso, o processo judicial segue seu curso glacial. Spohr e Hoffmann foram condenados em primeira instância lá em 2021, nove longos anos após a tragédia. A defesa deles recorreu, é claro. E o Tribunal de Justiça do RS, em 2023, manteve a condenação, mas deu uma aparada na pena.
Não foram os únicos na mira da justiça. A banda Gurizada Fandangueira, que usou aqueles artefatos pirotécnicos fatais, também foi condenada. E o dono da boate? Ah, esse já partiu. Faleceu em 2002, antes mesmo do julgamento começar. A vida prega umas ironias terríveis, não?
O Que Significa o Semiaberto?
Bom, regime semiaberto não é liberdade. Longe disso. Os condenados cumprem a pena em colônias agrícolas ou casas de albergado. Podem trabalhar durante o dia e estudar, mas precisam voltar para pernoitar. É uma espécie de purgatório penal.
Agora, a pergunta que não quer calar: e as outras partes envolvidas? O processo contra os outros quatro réus ainda está rolando no TJ-RS. Enquanto isso, Santa Maria tenta seguir em frente, carregando o peso de uma das maiores tragédias do país.
O fogo da Kiss apagou há tempos, mas as chamas da memória ainda queimam. E a cada nova decisão judicial, a brasa é remexida. O que vocês acham? Justiça sendo feita ou mais um capítulo na longa novela da impunidade?