
Eis que a Venezuela resolveu cutucar a onça com vara curta. O governo de Nicolás Maduro anunciou nesta terça-feira a abertura de uma investigação criminal contra o polêmico presidente de El Salvador, Nayib Bukele. A razão? Denúncias de que imigrantes venezuelanos estariam sofrendo maus-tratos nas superlotadas prisões do país centro-americano.
Segundo fontes próximas ao Ministério Público venezuelano, o caso veio à tona após relatos perturbadores de familiares. Detalhes? Ah, esses são de arrepiar: celas minúsculas, alimentação precária e — pasmem — supostas sessões de tortura psicológica. Nada muito diferente do que já se viu por lá, mas agora com sotaque caribenho.
O lado B da "guerra contra as maras"
Bukele, aquele mesmo que viraliza com selfies no estilo "ditador fashion", construiu sua imagem na luta implacável contra gangues. Só que, entre prisões em massa e megacadeias, parece que a coisa descambou para o lado obscuro da força. Pelo menos é o que alegam os venezuelanos que caíram nessa rede.
"Estão tratando nossos compatriotas como animais", disparou uma autoridade venezuelana que preferiu não se identificar. Ironia das ironias: o mesmo governo que mal consegue garantir direitos básicos em casa agora se arvora em defensor dos seus no exterior.
Números que impressionam (e assustam)
- Mais de 200 venezuelanos detidos em El Salvador
- 57 casos de supostas violações de direitos humanos documentados
- 3 denúncias formais já protocoladas na OEA
Não bastasse o drama humano, a treta ganhou contornos geopolíticos. O chanceler venezuelano, Yván Gil, já marcou conversa com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Enquanto isso, do lado salvadorenho? Silêncio de monge. Até agora, o governo de Bukele não se manifestou — o que, convenhamos, já virou marca registrada dele.
Especialistas em relações internacionais torcem o nariz. "É pura cortina de fumaça", opina o professor Carlos Rios, da Universidade Central da Venezuela. "Maduro precisa desviar a atenção da crise interna, e Bukele é o vilão perfeito para esse roteiro."
Enquanto os governantes medem forças, famílias divididas pela migração seguem na angústia. Como dona María Corina, que não vê o filho há 8 meses: "Ele só queria trabalho honesto. Agora não sei se está vivo ou morto". Histórias como essa são o verdadeiro preço dessa guerra de egos.