Imagine acordar com a promessa de um emprego digno no exterior e descobrir, horas depois, que você caiu numa armadilha horrível para exploração sexual. Foi exatamente esse pesadelo que uma sofisticada organização criminosa vinha orchestrando, até que a Polícia Civil de Santa Catarina resolveu botar um ponto final na história.
A Operação Themis, deflagrada nesta quarta-feira (3), não foi nada modestinha. Executou nada menos que 16 mandados judiciais – sendo oito de prisão preventiva e oito de busca e apreensão – espalhados por seis estados brasileiros e, pasmem, até na Irlanda. Um verdadeiro quebra-cabeça internacional.
Uma Teia que Cruzava o Oceano
O cerco se estendeu por Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Goiás. Mas a coisa ficou séria mesmo quando os investigadores descobriram que o braço da organização alcançava solo europeu, com alvos específicos na Irlanda. A cooperação internacional foi acionada, é claro, mostrando que crime organizado não respeita fronteiras, mas a lei também não.
Os investigadores mergulharam fundo nas movimentações financeiras do grupo. E o que encontraram? Um esquema complexo de lavagem de dinheiro, onde o lucro obscuro da exploração humana era injetado em imóveis, veículos de luxo e outros bens, tentando camuflar a origem podre do capital. Dinheiro sujo financiando vida de rico.
O Modus Operandi: Promessas Falsas e Escravidão Moderna
Como será que essa galera operava? A tática era clássica, mas eficaz: recrutavam mulheres brasileiras com a promessa de empregos legítimos na Europa, sonho de consumo de muita gente. Só que o contrato de trabalho era, na verdade, uma sentença para uma vida de exploração sexual e servidão. Um golpe baixíssimo, que jogava com a vulnerabilidade e os sonhos das vítimas.
A investigação, que já rola há um tempinho, apontou que os criminosos não agiam por impulso. Era tudo muito bem planejado – uma empresa criminosa de estruturação quase corporativa, só que com um produto horrível: a vida e a dignidade de mulheres.
A deflagração de hoje é a fase mais visível de um trabalho de inteligência que vem sendo construído a portas fechadas. A PC/SC, junto com o GAECO do MPSC, tá mostrando serviço. E olha, é um alívio saber que tem gente competente cuidando desses casos.
Os mandados foram cumpridos pela equipe da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) de São Bento do Sul, com um reforço de peso da Divisão de Operações Especiais (DOE). Um aparato à altura da gravidade dos crimes.
E Agora? O que Esperar?
Os passos seguintes são claros: apresentação dos presos à Justiça, continuidade das investigações para desvendar todos os fios da rede e, o mais importante, o trabalho de acolhimento e proteção das vítimas. Por trás de cada mandado, existe uma história de sofrimento que precisa ser reparada.
Operações como a Themis mandam um recado claro: crime organizado transnacional é grave, mas a resposta do Estado pode ser ainda mais forte. Esperamos que este seja um passo decisivo para desmantelar de vez essa rede nefasta.
