
Quase meio século se passou desde que ele viu a luz do sol sem grades. Agora, aos 74 anos, o libanês Georges Ibrahim Abdallah — condenado em 1987 por cumplicidade em assassinatos terroristas — finalmente respirou o ar da liberdade.
Não foi um caminho fácil. A França, que o manteve preso mesmo após cumprir sua pena mínima em 1999, resistiu até o último instante. Mas a justiça — ou seria a política? — acabou falando mais alto.
O caso que virou um tabuleiro geopolítico
Abdallah não era qualquer prisioneiro. Líder da organização marxista-leninista libanesa Fractions Armées Révolutionnaires Libanaises (FARL), seu nome ecoava nos corredores do poder. Os crimes? Participação nos assassinatos do tenente-coronel americano Charles Ray e do diplomata israelense Yacov Barsimantov em Paris, nos anos 80.
Mas aqui está o pulo do gato: desde 2013, ele já poderia ter saido. Dez tribunais franceses (!) já haviam recomendado sua libertação. Só que... bem, a política sempre mete o bedelho, não é mesmo?
Por que agora?
O timing é curioso. Num momento em que a França tenta equilibrar suas relações no Oriente Médio — especialmente após as tensões no Líbano — soltar Abdallah parece mais um movimento de xadrez que um ato de clemência.
"É uma decisão que chega tarde demais", comentou um advogado que acompanhou o caso. "Mas melhor tarde do que nunca, especialmente para um homem que já perdeu a maior parte de sua vida atrás das grades."
Enquanto isso, nas ruas de Beirute, comemoram. Para muitos libaneses, Abdallah sempre foi visto mais como mártir que criminoso. Já em Washington e Tel Aviv... bom, melhor nem perguntar a opinião deles.