Estudante pró-Palestina é expulsa dos EUA em caso que acende debate sobre liberdade de expressão
Estudante deportada dos EUA por posts pró-Palestina

Imagine você: 19 anos, aceita numa faculdade de medicina nos Estados Unidos, malas prontas, sonho na ponta dos dedos. Só que ao invés do welcome party, leva uma cadeia de imigração e um voo de volta para casa. Foi exatamente isso que aconteceu com a estudante de origem palestina — cujo nome não foi divulgado — ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Chicago.

Não é brincadeira. A garota vinha de uma família palestina, mas carregava passaporte jordaniano. Tinha tudo certo na papelada, mas algo na tela do agente de fronteira acendeu um alerta vermelho. Coisas que ela postou nas redes sociais. Coisas sobre a Palestina.

O que realmente aconteceu no aeroporto?

Segundo relatos, os oficiais da CBP (Customs and Border Protection) passaram horas revirando a vida digital dela. Celular, redes sociais, conversas privadas. Tudo vasculhado com uma lupa digital. No final, a conclusão deles foi dura: ela representava uma "ameaça à segurança nacional".

Mas ameaça como? A estudante não tinha antecedentes criminais. Nada de violência ou ligações extremistas. Só opiniões. Opiniões fortes, talvez, mas opiniões. E isso bastou para trancá-la numa sala, interrogá-la e depois colocá-la num voo de volta — sem direito a explicações detalhadas ou a um advogado.

Liberdade de expressão ou risco real?

O caso levantou poeira — e como. De um lado, o governo americano defende seu direito de barrar quem possa, em tese, ameaçar o país. Do outro, organizações de direitos civis soltaram foguetes. Dizem que o caso é perigoso, que cria um precedente assustador: agora, suas opiniões online podem virar motivo de deportação.

Não é a primeira vez que rola uma coisa dessas, mas essa veio com um gosto mais amargo. A jovem não é activista radical, não é figura pública. É uma estudante. Uma garota que queria estudar. Será que estamos virando uma sociedade onde um like, um share, uma opinião política podem custar seu futuro?

O pano de fundo, claro, é a tensão geopolítica actual. Desde o último grande conflito entre Israel e Hamas, o clima nos EUA anda tenso. Universidades viram protestos, discursos acalorados, e agora… isso. A fronteira entre vigilância legítima e censura disfarçada parece estar ficando cada vez mais tênue.

E agora, o que vai ser dela?

A estudante voltou para a Jordânia. Seu sonho de estudar medicina nos EUA? Por enquanto, evaporou. Ela entrou com um processo, claro. Mas processos demoram — e o estrago já está feito.

Enquanto isso, a pergunta que não quer calar: até onde um governo pode ir na vigilância de estrangeiros? Checar redes sociais é padrão? Deve ser? E onde fica a liberdade de pensamento — aquele princípio que os próprios EUA dizem defender com unhas e dentes?

O caso dela não é só sobre uma garota. É sobre todos nós. É sobre o que vale uma opinião num mundo cada vez mais vigiado. E, cá entre nós, é de dar medo.