Cowboy de Rondônia: a saga do locutor de rodeio preso nos EUA por política anti-imigração
Cowboy de Rondônia preso nos EUA por imigração

Era pra ser mais uma viagem rotineira — aquelas que o "Cowboy de Rondônia", como é conhecido nos circuitos de rodeio, fazia há anos entre Porto Velho e os Estados Unidos. Só que dessa vez, o destino reservava um capítulo inesperado na vida do produtor rural e locutor de eventos country.

O que começou como uma temporada de trabalho no Texas terminou com detenção imediata. As autoridades migratórias americanas não aceitaram seus documentos — e o que era para ser um périplo profissional virou um pesadelo burocrático.

Do curral ao cárcere

Quem já viu o Cowboy no auge dos rodeios mal imagina. Aquele sujeito que animava multidões com seu timbre marcante e histórias do agro, agora enfrenta silêncios constrangedores em celas superlotadas. "É como se meu chapéu de couro tivesse virado uma marca de identificação prisional", contou por telefone, numa daquelas ligações caras que só permitem 15 minutos.

O caso dele escancara uma realidade: enquanto o Brasil exporta carne e soja, também exporta personagens peculiares — e nem sempre o sistema está preparado para essas figuras fronteiriças entre o rural e o urbano, entre o tradicional e o contemporâneo.

O paradoxo do cowboy globalizado

Curioso pensar: o mesmo país que consome avidamente a estética country americana — dos filmes de faroeste aos rodeios — fecha as portas para quem tenta viver essa cultura na prática. O Cowboy de Rondônia não é nenhum forasteiro no mundo equestre: tem décadas de experiência tanto na criação de gado quanto na narração de eventos.

Mas eis o detalhe que complicou tudo: sua última entrada nos EUA foi com visto de turista, mesmo tendo ido trabalhar como locutor em eventos menores. "Todo mundo faz assim", justificou, sem perceber que estava dando um tiro no pé — literalmente, considerando o tema western.

Repercussão e reviravoltas

Enquanto isso, em Rondônia, a comunidade agropecuária se mobiliza. Colegas de profissão falam em "caubói injustiçado", enquanto advogados especializados em imigração analisam os meandros legais do caso. Há quem diga que o problema foi a falta de assessoria adequada — outros enxergam aí um sintoma dos tempos, onde fronteiras se fecham mesmo para os mais carismáticos.

O que ninguém discute: a ironia de um representante autêntico da cultura rural brasileira — tão inspirada no modelo americano — ser barrado justamente no berço do country. Resta saber se essa história terá um final feliz ao estilo Hollywoodiano, ou se vai terminar como aqueles westerns spaghetti onde o herói morre no final.