
Imagine pagar a conta de luz do seu vizinho sem saber? Pois foi exatamente o que aconteceu em Bauru, onde seis "gatos" profissionais sugaram da rede elétrica o equivalente a 9,7 milhões de kWh — energia suficiente para abastecer um bairro inteiro por meses.
A concessionária, que prefere não bater no peito (afinal, como esses esquemas funcionaram por tanto tempo?), revelou que as ligações irregulares foram encontradas em pontos estratégicos da cidade. "Não eram amadores", admitiu um técnico sob condição de anonimato. "Tinha até sistema anti-fraude instalado pelos fraudadores."
Os números que doem no bolso
9.700.000 kWh desviados. Traduzindo para o português claro:
- Daria para manter 4.000 casas populares iluminadas por um ano inteiro
- Quase R$ 10 milhões evaporados — dinheiro que acaba sobrando na conta de quem paga em dia
- Perda equivalente a 60 mil árvores que deixaram de ser "plantadas" pela economia de CO2
E o pior? Isso é só a ponta do iceberg. "Toda semana a gente acha pelo menos um novo caso", confessa um fiscal que pediu para não ser identificado. A tecnologia dos ladrões de energia, pasme, está mais avançada que alguns sistemas de detecção.
Como eles faziam?
Os métodos variavam — alguns quase "criativos", se não fossem ilegais:
- Desvios diretos nos postes, pulando o relógio
- Medidores adulterados com chips que "dormem" durante a medição
- Ligações subterrâneas camufladas como cabos legítimos
E aqui vai o pulo do gato (sem trocadilho): muitos desses esquemas atendiam comércios que funcionavam 24h. Padarias, lavanderias, até pequenas indústrias — todos mamando na rede elétrica como se não houvesse amanhã.
Moradores reclamam há anos de "contas que não fecham", mas só agora a concessionária acordou para o problema. Será que faltou vontade ou capacidade? Difícil dizer. O certo é que, enquanto isso, o prejuízo continua pingando no bolso de quem é honesto.